Para alegria (ou não) de muitos pais, o período escolar está batendo à porta novamente.
Já começaram as preocupações com o aumento do número de automóveis na cidade, a exaustiva correria para a compra do material escolar e dos uniformes da criançada.
Também aumenta a expectativa sobre como será o comportamento da piazada ao voltar para o colégio.
Novos colegas e professores, no ambiente em sala de aula. Isso tudo influencia no desempenho de cada um. Por seu lado, as crianças deixam de lado os divertimentos da temporada de férias, o descompromisso com horários e abuso que fatalmente acontecem na hora da alimentação.
Muitas vezes esse retorno traz bastante incômodo, pois a preguiça parece ter chegado para ficar. Até o aluno entrar no ritmo para suplantar mais um ano de estudos, é preciso um pouco de paciência com a adaptação.
Educadores ensinam que, ao contrário do que possa parecer, a tranquilidade da criança no primeiro dia de aula está mais ligada à atitude dos pais do que a sua maneira pessoal de enfrentar novos desafios. “Muitas vezes eles ficam com medo de deixar a criança na escola, e, sem querer, essa insegurança é transmitida para os filhos”, explica o psicólogo Marcos Meier.
Preocupação com a saúde
Para minimizar os efeitos desse enfrentamento com o “desconhecido”, uma opção a ser considerada é, aos poucos, ir envolvendo a criança na expectativa que precede a primeira semana de aula.
“Pode ser importante, por exemplo, fazer ela participar da compra e preparação do material escolar à escolha dos ingredientes que farão parte da merenda”, admite o especialista.
Quando a criança, por vários motivos, é obrigada a mudar de escola, o problema pode ser mais complicado de se resolver, pois a criança é retirada de um ambiente onde já está adaptada.
Segundo o psicólogo, a solução é preparar a criança, exaltando os pontos positivos do novo colégio, como os novos amigos, a nova professora e quais atividades serão realizadas, mostrando as vantagens da troca.
Também é fundamental que os pais conversem abertamente com os filhos, explicando a importância de se ter responsabilidades na vida mostrando exemplos reais.
Dá para citar, por exemplo, eles próprios, que precisam retornar ao trabalho após férias. Logo, os filhos também devem retomar as suas atividades escolares. “Esse entendimento pode ser importante para o amadurecimento da criança”, avalia Marcos Méier.
Aliadas a essas preocupações, os pais devem estar atentos para algumas questões relacionadas à saúde dos pequenos, que podem interferir nas questões de aprendizado. Enumeramos a seguir alguns lembretes que podem contribuir para que o período escolar só traga lembranças saudáveis para a criança.
Fique de olho
Um detalhe importante a ser observado atentamente é a saúde ocular dos estudantes.
Pesquisas mostram que 85% do aprendizado infantil se faz por meio da visão, contudo, apenas uma pequena parcela das crianças se submete a algum tipo de avaliação oftalmológica em idade escolar.
“A visita regular ao oftalmologista faz parte do cotidiano daqueles que fazem o uso de óculos, mas a prevenção para aqueles que não usam continuam sendo motivo de preocupação”, afirma o consultor óptico Eric Gozlan. Por isso, na volta às aulas é bom fazer a revisão dos óculos, ver se as lentes não estão riscadas ou as armações tortas, ou seja, a manutenção geral para manter o bom desempenho dos óculos.
A criança com problemas de miopia, por exemplo, tem vários sintomas, entre eles, visão borrada à distância e dores de cabeça. Assim, todo e qualquer distúrbio, mesmo que pequeno, deve ser corrigido para permitir o bom desenvolvimento da criança.
“Na escola, uma visão imperfeita pode provocar um atraso em relaç&at,ilde;o às outras crianças e desmotivá-la”, alerta o consultor. Na hora de escolher uma armação, Gozlan lembra que no mercado existe uma ampla variedade de óculos infantis e para adolescente que respeitam a morfologia, idade e o campo visual da criança. Uma dica são as armações em acetato de celulose. “Elas são mais resistentes e não machucam a pele da criança em caso de choque”, ressalta o especialista.
Barulho em excesso
A animação e algazarra nas salas de aula, principalmente nos primeiros dias do ano letivo, podem esconder um sério problema: os danos à audição, que serão sentidos somente na idade adulta, mas que têm início nos primeiros anos da vida escolar.
O excesso de barulho, reclamação de muitos professores, não é somente um jeito exagerado de se referir ao incômodo.
Com o passar do tempo, aluno e professor, expostos diariamente a sons altos, podem ter a audição comprometida, já que a perda auditiva induzida por ruído tem efeito cumulativo. Quanto maior a frequência a ambientes barulhentos ao longo da vida, maiores as chances de danos.
No ambiente escolar, a gritaria da turma, somada aos ruídos que vêm da rua e do trânsito, prejudica o bem-estar de todos, comprometendo não apenas a concentração e aprendizagem, mas também os ouvidos.
O limite suportável para o ouvido humano é de 65 decibéis, de acordo com a Organização Mundial da Saúde. Acima disso, o organismo começa a sofrer danos. Para as salas de aula, o limite tolerado é de 40 a 50 decibéis.
Muitas classes, no entanto, atingem 75 decibéis, principalmente as que têm mais de 25 estudantes. Além disso, o barulho no pátio, na hora do recreio, pode chegar a mais de 100 decibéis.
Se pessoas com boa audição são prejudicadas com tanto barulho na escola, imagine um aluno que já sofre de perda auditiva. “Ouvir o professor com tanto ruído ao redor é difícil, mas a tarefa torna-se impossível para uma criança com problemas de surdez”, alerta a fonoaudióloga Isabela Gomes, que orienta aos pais que levem seus filhos a uma consulta para identificar se ela sofre de problemas auditivos.
Mochila pesada
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), de 65% a 90% da população poderá sofrer de lombalgia durante sua vida.
A lombalgia é uma manifestação de dores na região lombar, decorrente a uma série de problemas, sendo que um deles é a má postura ou os maus hábitos.
Uma das formas de precaução para que o problema não se agrave, é começar pelo controle do peso que os filhos levam em suas mochilas.
Principalmente no início do ano, com época em que as crianças acabam levando uma quantidade de peso acima do que seria aconselhável. “O excesso de peso leva a criança a ter uma postura errada, que pode se transformar em uma deformidade”, atesta o ortopedista Décio De Conti.
As principais consequências dessa sobrecarga são as dores nas costas e a postura incorreta, além de outras deformidades. Segundo os especialistas, as mochilas não poderiam exceder 10% do peso dos estudantes. Isso porque, para se manter equilibrada, a criança projeta o corpo para frente, forçando a região que vai dos ombros à base do pescoço.
Os professores tentam se eximir de culpa, explicando que pedem para que os alunos anotem na agenda o dia em que devem levar livros e cadernos, e, ainda, recomendam aos pais que vistoriem a mochila dos filhos, evitando que levem material desnecessário para a sala de aula.
Só que na realidade isso não acontece. É difícil definir uma orientação geral, pois cada criança tem a sua estrutura física, mas o ideal é que cada pai avalie o tamanho e o peso da criança antes de comprar uma mochila, para saber quanto peso ela pode carregar.
Transporte seguro
Uma preocupação a mais para p,ais e responsáveis é com o transporte escolar. Quando você vê uma criança sentada no banco dianteiro de um carro, solta ou no colo de um adulto, saiba que ali está uma vítima em potencial de graves acidentes.
Apesar de se constituir em uma infração de trânsito gravíssima e das campanhas de educação no trânsito ensinarem que o banco traseiro é o local mais seguro para transportar as crianças, muitos condutores não respeitam a Lei, colocando em risco a vida dos pequenos. Pesquisas confirmam que os menores têm cerca de 40% de chances de não se machucar ou sobreviver a um acidente, se estiverem devidamente protegidos.
Conforme a ONG Criança Segura, os erros mais comuns cometidos pelos pais no transporte de crianças, são a utilização de cadeiras impróprias para a idade e tamanho, cadeiras voltadas para o movimento do carro, instaladas no banco da frente ou não fixadas com segurança, entre outros.
A recomendação é uma só: crianças só no banco de trás, portas travadas e vidros sempre fechados.Quando a opção é a contratação de serviço de transporte escolar, o cuidado deve ser redobrado.
Alguns itens devem ser verificados, como o estado de conservação, cintos de segurança para todos os passageiros, a habilitação do condutor e a devida licença municipal para atuar no segmento. Não confie em veículos que não estão em boas condições de conservação.