Lesões por esforços repetitivos serão debatidos em Curitiba

A Secretaria de Saúde, por meio do Centro Estadual da Saúde do Trabalhador, vai participar com outras instituições das comemorações do Dia Internacional de Combate às Lesões por Esforços Repetitivos (Ler) e/ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho (Dort).

O Dia Internacional de Combate a essas doenças foi no dia 28 de fevereiro, mas como neste ano coincidiu com o feriado de Carnaval os representantes das instituições decidiram transferir as homenagens para esta quinta-feira (2). A partir das 9 horas, as instituições envolvidas, como o Centro Estadual da Saúde do Trabalhador, entidades sindicais e Central Única dos Trabalhadores, estarão na Rua XV de Novembro com a Monsenhor Celso para distribuir material educativo de conscientização do trabalhador sobre os riscos das Lesões por Esforços Repetitivos e/ou Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho, entre outras ações.

São doenças relacionadas ao trabalho que afetam tendões, músculos, nervos periféricos, principalmente os braços, punhos, mãos, ombro e pescoço, causando dor, perda da força, formigamento, alteração da sensibilidade, sensação de peso e inchaço, comprometendo a capacidade para realizar movimentos e trazendo grande sofrimento ao trabalhador acometido.

No entanto, a adoção de medidas preventivas e/ou corretivas, aliadas a um diagnóstico precoce, podem oferecer prognósticos de cura, porém são muitos os casos em que o estágio da doença se agrava, deixando o trabalhador incapaz, até mesmo para fazer higiene pessoal e cuidar de tarefas simples.

As categorias profissionais que encabeçam as estatísticas são bancários, metalúrgicos, digitadores, operadores de telemarketing, com maior incidência entre as mulheres e trabalhadores na faixa etária dos 30 aos 40 anos.

Os fatores de risco que podem desencadear a doença incluem a força excessiva dos membros superiores, repetitividade de movimentos, tarefas segmentadas e monótonas, carga excessiva de trabalho, ritmo acelerado no trabalho para garantir a produtividade, ausência de pausas durante a jornada de trabalho, exigência de horas extras, mobiliário e equipamentos inadequados que obrigam a adoção de posturas incorretas ou desconfortáveis para o corpo, aspectos relacionados à climatização, iluminação e ruídos no ambiente de trabalho.

Também contribuem para o surgimento da LER fatores emocionais como conflitos no trabalho, inexistência de um canal de comunicação para discutir problemas relacionados ao trabalho, estresse, pressão psicológica e estilo de vida sedentário.

Segundo Fernanda Miranda, enfermeira da Unidade de Saúde do Trabalhador, do Hospital do Trabalhador, foram atendidos 569 pacientes novos de janeiro a outubro de 2005. Cerca de 80% desses pacientes foram encaminhados para avaliação da ortopedia, visando diagnosticar distúrbios osteomusculares decorrentes do trabalho, dos quais 30% apresentaram as doenças. Houve necessidade de procedimentos fisioterápicos na maioria dos casos, totalizando três mil sessões no período.

Para Cezar Benoliel, diretor do Centro Estadual de Saúde do Trabalhador, o número de trabalhadores com essas doenças pode ser bem maior, já que os trabalhadores não as comunicam por medo de perder o emprego ou de não serem aceitos em outros locais de trabalho. ?Os técnicos do Centro Estadual da Saúde do Trabalhador realizam avaliações dos ambientes de trabalho, buscando a correção das irregularidades e o debate para o enfrentamento dos fatores de risco, passíveis de desencadear as enfermidades?, diz Benoliel.

Medidas preventivas 

A legislação determina que as empresas devem instituir programas de prevenção de riscos no ambiente de trabalho. Esses programas devem implementar medidas preventivas, tais como pausas durante a jornada de trabalho para repouso e relaxamento muscular, análises ergonômicas do posto de trabalho, rodízio das tarefas a fim de evitar fadiga muscular, entre outras. Também devem implantar um programa que acompanhe a saúde de todos os trabalhadores, informando sobre os riscos existentes e suas medidas de controle, buscando estabelecer um ambiente de trabalho agradável, evitando pressão e estresse.

Quando ocorrerem os primeiros sinais e sintomas de doença, o médico da empresa responsável pelo acompanhamento da saúde dos trabalhadores deve emitir a Comunicação de Acidente de Trabalho. A comunicação deve ser emitida mesmo na suspeita da doença e encaminhada ao INSS, para que seja analisada a relação entre a doença e o trabalho. A comunicação é importante porque resguarda os direitos do trabalhador junto à Previdência, no caso o pagamento de benefícios, recolhimento de encargos sociais, estabilidade no emprego, além de permitir conhecer o que acontece com a saúde do trabalhador, podendo ser utilizada para fins estatísticos e como instrumento de planejamento das intervenções nesta área. Se a empresa se recusar a emitir a Comunicação, podem emiti-la o sindicato ou outro médico que atender o trabalhador.

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