O jogador Ronaldo, o tenista Gustavo Kuerten e a ginasta Diane dos Santos são alguns dos ídolos nacionais do esporte que sofreram graves lesões ao longo de suas carreiras.
No entanto, as contusões não são exclusivas da rotina dos grandes esportistas. Inúmeros trabalhadores, que, muitas vezes, necessitam ter preparo físico de atleta, também padecem com contusões, afastamento do trabalho e, até invalidez permanente.
Segundo Rogério Teixeira da Silva, doutor em ortopedia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), as lesões que mais afetam os esportistas e também atingem comumente os trabalhadores são aquelas por esforço repetitivo, como as sobrecargas ósseas e, principalmente, as tendinites.
“Dependendo do esporte, diferentes tendões são acometidos. No tênis, por exemplo, são os tendões do cotovelo, que também são muito lesionados nos trabalhadores de metalúrgicas”, explica o especialista.
Dados do Ministério do Trabalho e Emprego apontam um aumento 12,7% no número de acidentes de trabalho nos últimos levantamentos (realizados entre os anos de 2007 e 2008 – passando de 659 mil casos para 747 mil).
O tempo de afastamento da atividade varia de acordo com a extensão do dano. “Lesões mais simples, como tendinites leves, podem levar a um afastamento entre 10 e 15 dias, enquanto uma ruptura muscular completa pode demorar até três meses de tratamento”, reconhece o ortopedista.
Esforço repetitivo
Também conhecida como distúrbio osteomuscular relacionado ao trabalho (DORT), a lesão do esforço repetitivo (LER) consiste na lesão causada pelo desempenho de atividade repetitiva, a exemplo de dirigir caminhões, digitar ou tocar piano, entre outras atividades.
Ela costuma aparecer sempre que houver incompatibilidade entre os requisitos físicos da atividade e a capacidade física do corpo humano.
Alguns fatores de risco contribuem para a instalação desse tipo de lesão, como postura incorreta e levantamento de pesos.
Entre os exemplos de LER está a tendinite, caracterizada pela inflamação do tendão e de sua bainha (espécie de proteção que envolve o tendão).
Os sintomas são os mesmos diagnosticados nos processos inflamatórios (dor, calor, vermelhidão e inchaço), podendo evoluir para microlesões, macrolesões e ruptura completa do tendão.
A fim de evitar que as lesões se tornem constantes e as dores, crônicas, Rogério Silva orienta, em primeiro lugar, tratar a lesão na hora que ela ocorre, variando o procedimento a ser adotado, segundo o tipo de contusão sofrida.
Outra medida recomendada é procurar um médico especializado em, no máximo, uma semana, caso a dor não passe.
Alongamentos também são muito importantes para preveni-las, bem como o fortalecimento adequado dos músculos do tronco e das pernas.
Caso a prevenção tenha sido colocada em segundo plano é preciso recorrer aos tratamentos para as lesões.
Entre os existentes, há o uso de antiinflamatórios, que são medicamentos utilizados para combater diretamente a inflamação, um processo de defesa natural do organismo.
Os medicamentos não seletivos atuam bloqueando a enzima COX-2, responsável pela dor e inflamação, porém, agem também na COX-1, cuja função é proteger o estômago e o intestino, podendo causar alguns distúrbios colaterais.
Outra classe de antiinflamatórios, os inibidores da COX-2, entre eles o celecoxibe, bloqueiam de forma seletiva tal enzima e, por isso, aliviam a dor sem afetar o estômago.
Ergonomia &,nbsp;
A ergonomia é a ciência que visa a adaptar as condições de trabalho às características do trabalhador.
As posturas inadequadas, que advém de um posto de trabalho mal dimensionado, ou que não se ajuste às variações antropométricas de cada indivíduo, e os movimentos repetitivos são alguns dos fatores que mais predispõem o aparecimento das LER/DORT.
Em geral, quem sofre muita pressão psicológica no trabalho está predisposto ao desconforto ou dor persistente nos músculos, tendões e outras partes do corpo. “Com tratamento adequado, muitas das condições da síndrome são reversíveis”, comenta a especialista em ergonomia Maria Aparecida Frediani Rocha.
Não existe uma determinação específica para cada empresa, assim, cada tipo de trabalho merece a análise de um especialista em segurança para ser adequado às funções exercidas.
É importante, ainda, lembrar que não basta proporcionar um ambiente perfeito ao colaborador para estar livre de qualquer embaraço. É necessário que a empresa disponha de uma produção de documentos legais para preservar sua condição de diligente. “Negligência, imperícia ou imprudência da empresa têm sido fatores agravantes nos acidentes ou doenças do trabalho”, complementa a especialista.