O empresário Laércio Baumel de Andrade sentia freqüentemente a cabeça zonza e tonturas. “Quando deitava para dormir, os sintomas pioravam, e se levantasse bruscamente sentia até enjôo”, conta. Quando comentava sobre esses sintomas, os amigos diagnosticavam de pronto: só pode ser labirintite. Ao procurar um especialista teve confirmada a suspeita: era labirintite. O distúrbio foi controlado com o uso de medicamentos e a diminuição do consumo de cigarros e bebidas alcoólicas. Segundo o otorrinolaringologista Alexandre Gasperin, entre 40 e 50% das consultas atendidas por ele no consultório dizem respeito às labirintites.
Tontura, sensação de zumbido nos ouvidos, vertigens, desequilíbrio, entre outras formas de mal-estar, são comuns a uma série de outras enfermidades, ressalta o especialista. Essas são algumas das sensações sentidas por quem sofre de labirintite, termo usado muitas vezes incorretamente, segundo os especialistas, pois significa uma inflamação no labirinto. “Nem toda moléstia no labirinto é uma inflamação”, confirma Gasperin. Uma ocorrência que muitas pessoas confundem com labirintite é a cinetose, que se caracteriza por tonturas ou náuseas quando as pessoas estão em veículos em movimento. Essas manifestações, muitas vezes, são acompanhadas por palidez e sudorese.
As causas da doença são bem variadas e nem sempre bem identificadas. Entre elas, as alterações neurológicas, estresse e acidentes cerebrais. Os distúrbios metabólicos e endócrinos, como hipoglicemia, aumento de colesterol, triglicérides, também afetam o labirinto, causando vertigens com alterações auditivas. Além delas, as doenças degenerativas, como mal de Parkinson e Alzheimer. Especialistas acreditam que causas genéticas também têm influência nas labirintites.
Central de informações
A manutenção do equilíbrio corporal é complexa e envolve diversos órgãos e sistemas, sendo o labirinto, olhos, pele, músculos e articulações os principais sensores desse sistema. Segundo os especialistas, o labirinto informa sobre a direção dos movimentos da cabeça e do corpo, os olhos informam sobre a posição do corpo no espaço, a pele sobre o contato do corpo com alguma superfície e os músculos e articulações avisam sobre os movimentos e quais as partes do corpo envolvidas com eles. O sistema labiríntico é a central de informações, que recolhe os impulsos de todos os sensores e envia para o sistema nervoso central decodificá-las.
Naturalmente, as informações recebidas devem ser coerentes. A chegada de informações conflitantes pode resultar em tontura e enjôo, até que o sistema se habitue com essa nova situação. Gasperin ressalta que tontura não é doença e sim um sintoma que pode surgir por uma série de manifestações. “A tontura é um sinal de alerta de que algo no organismo vai mal. Para descobrir as causas é necessário fazer uma série de exames”, orienta.
Por esse motivo, os pacientes devem procurar profissionais qualificados para diagnosticar corretamente qual o mal que esta afetando o labirinto. O tratamento, dependendo da doença, é feito com o uso de medicamentos. É importante escolher o remédio adequado para cada caso. Muitas vezes o tratamento deve ser acompanhado por nutricionistas para o seu efetivo controle. Alguns hábitos devem ser mudados, e certos vícios, como tomar café, fumar ou beber demais, que podem agravar o mal, devem ser evitados.
Gasperin explica que a cura da doença atinge cerca de 90% dos casos. São raros os casos de cirurgia para acabar com o problema, mas algumas vezes a intervenção é necessária para eliminar algum tipo de tumor. O especialista frisa que labirintites suaves, causadas, principalmente, por distúrbios emocionais, como depressão e estresse, podem se curar sozinhos.
Doenças associadas ao labirinto
Segundo os especialistas, existem várias doenças associadas ao labirinto, com características próprias, que exigem formas especiais de tratamento. Um exemplo é a vertigem, um tipo de tontura caracterizada pela sensação de rotação e que pode ser acompanhada de outros sintomas como alterações auditivas e distúrbios neurovegetativos. Segundo os médicos, existem vertigens de origem central e outras periféricas, conhecidas por labirintopatias.
A doença de Ménière também provoca vertigem, diminuição da audição, zumbido, e ocorre entre os 25 e 60 anos de idade. Outro distúrbio, a crise vertiginosa súbita, provoca náuseas e vômitos com duração variada, e é na maioria das vezes de origem viral.
Já a vertigem postural paroxística benigna causa tonturas por mudança de posicionamento da cabeça em relação à ação da gravidade. As donas de casa que sofrem desse mal podem percebê-lo ao estender roupas num varal ou tentar alcançar um objeto que esteja no alto de uma estante, por exemplo.