No próximo domingo, dia 28, comemora-se o Dia Mundial do Coração. O tema deste ano é “O coração da mulher”, já que, neste momento, os males cardíacos têm atingido não apenas os homens. Um dos muitos vilões do coração é o nível de colesterol do brasileiro, que tem crescido de forma descontrolada. O que antes era um problema que atingia apenas pessoas de meia idade e idosos, hoje começa a fazer parte do cotidiano das pessoas cada vez mais cedo.

De acordo com o coordenador do serviço de cardiologia do Hospital VITA Curitiba e do Instituto do Coração de Curitiba (Incor), Dr. Luiz Fernando Kubrusly, atualmente dois grupos se destacam em quantidade de ocorrência de problemas cardíacos: as mulheres e os jovens. “É normal que, com a idade avançada, haja certo acúmulo de gordura nas artérias. O que não é comum é que as pessoas jovens tenham tanto depósito de colesterol”, alerta o cirurgião.

As mulheres entraram na lista de vítimas em potencial do coração desde que começaram a fazer parte do mercado de trabalho. Desde então, o estresse passou a fazer parte do cotidiano delas, principalmente por causa da jornada dupla de trabalho, dentro e fora de casa. O desequilíbrio hormonal que ocorre na menopausa é outro fator que pesa contra elas, além da alta ingestão de calorias, que também explica o aumento das taxas de gordura dos jovens.

Um estudo coordenado pela Associação Americana do Coração indica que as crianças estão apresentando, desde cedo, sinais de obesidade. Segundo a pesquisa, 57% delas têm chances de permanecer com níveis elevados na fase adulta e de se tornar hipertensa. Por isso, Kubrusly é enfático ao dizer que “o grande objetivo da cardiologia hoje é fazer as crianças aprenderem a comer melhor”.

Estima-se que no Brasil cerca de 35% das pessoas com mais de 30 anos tenham as taxas de colesterol elevadas. Esses números preocupam, já que o excesso de gordura é o responsável pelo entupimento das artérias, impedindo a circulação normal do sangue. A conseqüência dessa má circulação é o conhecido ? e temido ? infarto, que pode acontecer em qualquer parte do corpo, sendo mais preocupante no coração e no cérebro. A perigosa combinação de vida sedentária, tabagismo, estresse e alimentos gordurosos é responsável por mais de 300 mil mortes por ano no Brasil.

Kubrusly lembra que não se pode extinguir o colesterol do nosso corpo, mas sim controlá-lo, consumindo pouca quantidade de alimentos gordurosos. Segundo o cirurgião, o tradicional “arroz, feijão e bife”, que forma a dieta típica brasileira, é uma boa escolha, no que diz respeito a nutrientes e calorias. “O problema é que, pela correria, adotamos hábitos de outros países e passamos a comer fast food, aumentando, e muito, a ingestão de gorduras”, justifica.

A nutricionista do Hospital VITA Curitiba, Aline Cesário, comenta que a dieta influencia muito nos níveis de gordura do organismo. “Os chamados alimentos funcionais já têm seus efeitos comprovados em pesquisas”, destaca. Segundo ela, uma alimentação com fibras e ômega 3 e 6 pode baixar, significativamente, o colesterol do sangue. “Em contrapartida, os alimentos de origem animal, como carnes e queijos, fazem as taxas subirem”, conclui.

Os dois especialistas concordam que não são necessárias muitas proibições para se manter longe do perigo cardiovascular. Segundo eles, uma dieta normal, compensadora, aliada a exercícios e abstinência de cigarro já são suficientes para garantir um coração saudável.

continua após a publicidade

continua após a publicidade