O Brasil está entre os 22 países onde se concentram 80% dos casos de tuberculose do mundo. São 85 mil portadores da doença no País. Para reduzir esse número e aumentar o percentual de diagnóstico e cura, o Ministério da Saúde vai aplicar R$ 119,5 milhões, até 2007, no aprimoramento do Programa de Controle da Tuberculose (PCT). É o maior investimento dos últimos dez anos em ações de combate à doença. Um dos principais problemas a serem enfrentados é a falta de informação da população, considerada o grande motivo dos altos índices de tuberculose no Brasil.
O médico e coordenador-geral de Doenças Endêmicas do Ministério da Saúde, Joseney Santos, acredita que a tuberculose vem se mantendo com nível baixo de controle pelo fato de a população ser pouco informada sobre a doença e não perceber a importância vital de completar o tratamento sem interrupção antes do prazo previsto. Joseney coloca que, há 30 anos, o governo oferece medicação gratuita para o tratamento da doença nas unidades de saúde. “O controle da tuberculose é um desafio para o País, apesar de se tratar de uma doença curável”, destaca o médico. “É preciso organizar os serviços de saúde para garantir o êxito no combate à doença”, acrescenta.
Outro ponto que dificulta o controle da tuberculose está associado aos cursos de Medicina do País, pois 10% deles não contam com orientações sobre a doença em seu conteúdo programático. “Os próprios profissionais de saúde têm dificuldades de lidar com a tuberculose”, assinala Joseney.
Ações prioritárias
Pela primeira vez, a luta contra a doença está entre as 16 ações prioritárias do Ministério da Saúde. A meta do governo é curar 50,5 mil tuberculosos até 2005. Para isso, o ministério pretende reestruturar o PCT. A qualificação das equipes que atendem os doentes é uma das ações previstas. Outra iniciativa será o reforço das atividades de diagnóstico, com repasse de equipamentos aos laboratórios das unidades de saúde pública do País. “No ano passado, o ministério adquiriu 600 computadores, que já começaram a ser distribuídos, para reforçar a qualidade da informação e acompanhamento do programa. Para este ano, está prevista a aquisição de microscópios para municípios prioritários no controle da tuberculose, além de equipamentos para a realização de cultura e teste de sensibilidade para os Laboratórios Centrais de Saúde Pública dos Estados (Lacen)”, destaca o coordenador.
O ministério também vai viabilizar a formação de uma “força-tarefa”, composta por um grupo de técnicos, para reforçar os Programas de Controle da Tuberculose nos estados. A equipe vai acompanhar as atividades nos 290 municípios prioritários do programa, que concentram 70% dos casos da doença no País. Essa equipe vai ajudar na avaliação e monitoramento das atividades e metas, e será responsável pelo envio de relatórios periódicos ao Ministério da Saúde. No próximo mês, cerca de 35 pessoas contratadas para trabalhar na força-tarefa receberão treinamento em Brasília.
Entenda a doença
A tuberculose é transmitida por bactérias que se propagam pelas vias respiratórias. A doença se manifesta com maior freqüência nas áreas subdesenvolvidas, pois está relacionada com as condições de vida da população.
O crescimento populacional nas periferias das grandes cidades contribuiu para o aumento do número de casos no País. Observa-se uma grande concentração da ocorrência de tuberculose em todas as grandes metrópoles brasileiras. Outro ponto que agrava essa situação em todo o mundo é a associação da tuberculose com a aids. No Brasil, 8% dos pacientes com tuberculose também têm aids.
Causada pelo bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis), a tuberculose é transmitida quando um doente espirra ou tosse perto de uma pessoa saudável em contato íntimo e prolongado. Os sintomas mais comuns são tosse com expectoração (catarro) por mais de três semanas, febre vespertina, dor toráxica, perda de peso e do apetite e falta de ar. Cerca de 90% dos casos de tuberculose são pulmonares, mas a doença pode atingir várias outras partes do corpo como sistema linfático, pleura e meninges, entre outras.
A tuberculose é mais comum em jovens e adultos, embora as crianças tenham mais facilidade de contrair a doença. A principal medida para controlar a tuberculose é o diagnóstico precoce, para o posterior tratamento adequado. Todas as pessoas que apresentam tosse com catarro há mais de três semanas, acompanhada ou não dos outros sintomas da doença, devem procurar uma unidade do Sistema Único de Saúde (SUS) para realizar o exame de escarro. “Qualquer unidade do SUS é capaz de fazer o diagnóstico e oferecer o tratamento da doença”, observa Joseney Santos.