Inseticida caseiro, um perigo constante

Os insetos que aparecem nas residências têm um fim que parece fácil: o inseticida, usado em larga escala atualmente. Os aerossóis e as pastilhas de equipamentos elétricos são vendidos até em supermercados, o que aumenta o acesso a esses produtos. O objetivo de acabar com os invasores é alcançado, mas a prática pode trazer muitos prejuízos para quem entra em contato com a substância química.

Uma pesquisa das universidades federais de Pelotas e Rio Grande, no Rio Grande do Sul, apontou que o uso de inseticida está ligado com a classe social das famílias. Aquelas com renda superior a quatro salários mínimos usam o produto quase 30% a mais do que as famílias com renda de até meio salário mínimo. Foi constatado também que 89% dos domicílios visitados (2.039, no total) utilizaram inseticidas domésticos pelo menos uma vez no período de um ano. No momento da entrevista, 79% das casas tinham inseticida disponível. Segundo o levantamento, os mosquiteiros e as telas contra os insetos praticamente sumiram.

A professora de toxicologia do curso de Farmácia da UnicenP, Andréa Paiva, explica que os inseticidas de uso doméstico estão divididos em três grupos químicos: os peritróides, os carbamatos e os organo-fosforados. Na primeira, que compreende a maioria das versões usadas em casa, a toxidade é menor do que os inseticidas empregados na agricultura. “Mas se matam os insetos, há toxidade e existem riscos”, comenta.

Se ocorrer a inalação da substância, a pessoa pode apresentar espirros, dificuldade respiratória e obstrução nasal. Uma possível ingestão do produto, que acontece com mais freqüência nas crianças, pode gerar até uma convulsão. “Um exemplo é o xampu contra piolhos. É preciso tomar cuidado para não entrar nos olhos e evitar a ingestão ao lavar a cabeça”, comenta Andréa. O contato com a pele pode causar coceira, irritações e bolhas, dependendo da sensibilidade.

Atualmente, o mercado disponibiliza inseticidas com odor reduzido, que dá a sensação de ser mais inofensivo para a saúde das pessoas expostas. A professora esclarece que os princípios ativos são os mesmos dos outros inseticidas. “O cheiro forte pode vir dos princípios ativos ou do veículo usado para dissolvê-los. Se esse veículo for a água, o odor é menor. Como não tem cheiro, a pessoa tende a não ficar alerta”, orienta Andréa. Os riscos de envenenamento são os mesmos para animais domésticos.

Nas categorias dos carbamatos e organo-fosforados, os perigos são maiores por serem próximos dos venenos usados na agricultura. Alguns deles são vendidos nos supermercados, segundo a professora. A inalação pode causar miose (diminuição da pupila), aumento da secreção nasal, lacrimejação, cólicas, diarréia, tremores e convulsões. Se o contato for com a pele, os sintomas podem aparecer em todo o corpo.

De acordo com Andréa, quando há contaminação, a pessoa deve ser levada imediatamente ao hospital ou algum serviço médico. A embalagem do produto também deve ser encaminhada para o mesmo local. Nela existem orientações sobre o tratamento nessas situações. Se o contato for na pele, a pessoa pode lavá-la com água corrente antes de se dirigir ao hospital. Nos casos de ingestão, evitar qualquer procedimento médico caseiro, como provocar o vômito ou tomar leite.

Serviço

– Quem quiser mais informações sobre o assunto pode entrar em contato com o Hospital de Clínicas, que possui um serviço de controle de envenenamento em funcionamento 24 horas por dia. Pelo telefone 0800410148 também poderão ser obtidas orientações nos casos de acidentes.

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