Inflamação na gengiva ou lesões de pele podem provocar endocardite infecciosa

Uma simples gengivite pode resultar em um grave problema cardíaco para pacientes desprevenidos. A inflamação abre um canal para a entrada de bactérias e fungos causadores de endocardite infecciosa, doença que atinge a parte interna do coração, em geral as válvulas e, em muitos casos, só pode ser tratado com um implante.

Cerca de 80% das pessoas diagnosticadas com esse problema no Instituto Nacional de Cardiologia Laranjeiras (INCL), unidade federal referência no tratamento da doença, têm de ser operadas.

Segundo a chefe da Unidade Cardio Intensiva da instituição, cardiologista Cynthia Karla Magalhães, a endocardite ocorre, especialmente, em pessoas com histórico de alterações cardíacas, mais vulneráveis à ação de bactérias e fungos que caem na corrente sangüínea e atacam as válvulas cardíacas.

Isso pode ocorrer durante procedimentos odontológicos a partir de lesões na pele e em cirurgias. A sonda um microtubo usado para introduzir, na veia do paciente, nutrientes e medicamentos, é também um acesso para os agentes causadores da doença.

"Como muitas pessoas que sofrem de cardiopatias desconhecem que são portadoras da doença, acabam deixando de tomar cuidados fundamentais, como, por exemplo, fazer um tratamento prévio com antibióticos antes de uma ida ao odontologista", observa a especialista.

Segundo Cynthia, a maioria dos pacientes diagnosticados no INCL já chega ao hospital em um estágio avançado da doença, por isso têm de passar por uma cirurgia para substituir a válvula lesionada pela ação da bactéria "Há situações em que é suficiente um tratamento prolongado com antibiótico. Mas o que temos visto aqui é que, em grande parte das vezes, os pacientes precisam de um implante".

Foi o caso do programador de informática Luis Cláudio Figueiredo, de 37 anos, operado no início do mês e ainda se recuperando na enfermaria do INCL. "Eu comecei a sentir febre e falta de ar. Tomava antitérmico, a temperatura baixava, mas, poucas horas depois, subia de novo. Vim para o hospital e aqui descobri que estava com a doença. A saída foi a operação", relata ele, que, há 13 anos passou por uma cirurgia cardíaca. Ele desconhece como contraiu a bactéria. "Não tenho idéia. Sempre procuro me cuidar".

Para se prevenir contra a endocardite, que tem entre os sintomas febres prolongadas, calafrios, suores noturnos, perda de peso e aumento do baço, é necessário evitar lesões na pele e na boca, exigir atenção redobrada dos profissionais com a limpeza em casos de procedimentos invasivos como cirurgias e, no caso de cardiopatas, realizar tratamentos prévios com antibióticos.

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