Foto: Aliocha Mauricio/O Estado

Rocha: governo argentino não conseguiu evitar chegada do vírus.

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A febre do Nilo, uma doença semelhante à dengue que não tem cura e em alguns casos leva à morte, pode chegar ao Brasil em breve. O alerta é da empresa Diagnósticos da América (Dasa). A febre, que é causada por um vírus e transmitida pela picada do pernilongo comum, já foi registrada em animais na Argentina em 2006, o que para o consultor paranaense da Dasa, o médico-infectologista Jaime Rocha, é sinal de que em breve os brasileiros também terão que lidar com a doença.

?Três cavalos do hipódromo de Buenos Aires morreram devido à doença. Nos Estados Unidos ela é endêmica, principalmente na costa oeste (a qual está localizada a Califórnia), onde foram registrados perto de 3 mil casos em 2005?, explica Rocha. Considerada uma doença emergente, a febre do oeste do Nilo chegou aos EUA no final da década de 90 e teve registrado naquele país, em 2003, 9.388 casos, com 246 mortes. No ano passado 100 pessoas morreram por causa da doença.

O governo brasileiro já faz vigilância nas aves que migram para o País, pois elas são o principal vetor do vírus, trazendo consigo a doença. ?O problema é que o governo argentino teve a mesma precaução e não conseguiu evitar que o vírus chegasse?, alerta Rocha.

Na maioria dos casos registrados no homem (80%), a doença é assintomática. Clinicamente, a doença é semelhante à outra doença viral infecciosa também encontrada no Brasil, a dengue. O vírus do Nilo pode provocar sintomas parecidos ao da gripe, como febre, dor de cabeça e erupções cutâneas. Esses sintomas podem levar a complicações, como convulsões e paralisia. Efeitos mais severos, como a meningecefalite (meningite com problemas cerebrais), acontecem com menos de 1% dos infectados, podendo levar à morte.

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A vacina contra o vírus ainda está sendo desenvolvida e deve demorar alguns anos para chegar ao mercado, segundo Rocha. Para os viajantes que forem ao EUA ou à Argentina, as precauções indicadas são usar repelente e evitar locais onde haja muitos mosquitos. ?Mas o principal alerta deve ser dado aos pronto-socorros e neurologistas. Em caso de meningites atípicas, onde haja problemas cerebrais concomitantes, a possibilidade do vírus do Nilo deve ser incluída no diagnóstico?, reforça o médico.