Lavar as mãos é preciso: este simples ato de higienização com água e sabão ou detergente é suficiente para afastar até 80% das enfermidades infecciosas causadas por microorganismos.
Historicamente, o conceito de limpar as mãos com produtos anti-sépticos surgiu no começo do século XIX, segundo dados da Associação Paulista de Estudos e Controle de Infecção Hospitalar (APECIH).
Em 1846, o médico Ignaz Semmelweis determinou que estudantes e médicos do Hospital Geral de Viena lavassem suas mãos com solução clorada, antes de atender aos pacientes na clínica obstétrica. Como resultado, a taxa de mortalidade materna reduziu substancialmente na maternidade, permanecendo baixa por vários anos.
O aumento na frequência de lavagem de mãos, por parte dos médicos e enfermeiros dentro dos hospitais, demonstrou a queda na transmissão de inúmeras enfermidades causadas por bactérias e outros microorganismos. É evidente que a higienização não deve se restringir unicamente ao ambiente hospitalar, devendo se estender aos hábitos cotidianos da população.
Lavar as mãos
De acordo com a infectologista e presidente do Serviço de Controle da Infecção Hospitalar (SCIH) do Hospital Santa Cruz, em Curitiba, Mirian T. M. Carvalho, no período em que a mídia enfatizou a necessidade de higienizar as mãos, como uma das medidas para evitar o contágio da gripe A (H1N1) percebeu-se diminuição considerável de outras doenças, entre elas, diarréia e conjuntivite com mecanismo de transmissão pelas mãos.
“No entanto, com o passar do tempo, a população se esqueceu da importância desta atitude e o índice de enfermidades infecciosas voltou a aumentar”, reconhece.
De acordo com a especialista, as mãos constituem a principal via de transmissão de microrganismos durante a assistência prestada aos pacientes, pois a pele é um possível reservatório de diversos microrganismos, que podem se transferir de uma superfície para outra, por meio de contato direto (pele com pele), ou indireto, por meio do contato com objetos e superfícies contaminadas.
A infecção hospitalar é definida como “aquela adquirida após a admissão do paciente e que se manifeste durante a internação ou após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares”. Elas representam complicações relacionadas à assistência à saúde e constituem a principal causa de morbidade e mortalidade hospitalar, aumentando o tempo de internação dos pacientes e, com isso, elevam os custos dos hospitais e reduzem a rotatividade de seus leitos.
Os procedimentos cada vez mais invasivos, o uso indiscriminado e a resistência aos antimicrobianos são fatores que apontam as infecções hospitalares como um grave problema de saúde pública.
Outros fatores
A maioria delas é ocasionada por bactérias – os casos envolvendo vírus ou fungos são mais difíceis de ocorrer. As formas de contaminação podem variar. Muitas vezes, o microorganismo é transportado pelas mãos do próprio profissional de saúde (para isso, basta que a pessoa não tenha seguido à risca as normas de higiene antes de lidar com o paciente) ou por pessoas que vão visitar familiares hospitalizados.
Os distúrbios se manifestam como complicações naturais de pacientes gravemente enfermos, decorrente de um desequilíbrio entre sua flora microbiana normal e seus mecanismos de defesa.
Esse desequilíbrio é provocado por determinadas doenças responsáveis pela hospitalização e procedimentos invasivos ou imunossupressivos a que o doente (correta ou incorretamente), foi submetido.
Consequentemente, algumas infecções hospitalares são ev,itáveis outras não. Muitas vezes, elas resultam de interações complexas e múltiplos fatores causais, que interagem diferentemente predispondo infecções de diversos tipos.
Outros fatores podem influir na ocorrência de infecção, como a permanência pré-operatória do paciente, predispondo-o a infecção por cepas hospitalares mais resistentes aos antibióticos, a presença de infecção concomitante, a utilização de corpos estranhos, como drenos e próteses e o estado nutricional do paciente.