Infarto do miocárdio é um problema nacional

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que, em média, a cada 5 minutos ocorre uma morte por infarto do miocárdio no Brasil. Uma vez mantida a tendência atual, estima-se que em 2040 ocorrerá uma morte a cada 47 segundos. A realidade cardiovascular no Brasil é vista como alarmante no cenário mundial.

O Ministério da Saúde revela que as doenças cardiovasculares são as que mais matam no nosso País, superando qualquer outra, inclusive câncer e aids. No entanto, não existe, entre os pacientes e população em geral, a real percepção em relação à gravidade da dislipidemia e suas consequências.

A baixa aderência ao tratamento de doenças crônicas, como o colesterol alto (dislipidemia), é um problema mundial que aumenta sua gravidade e colabora substancialmente com os gastos da saúde pública no Brasil e em diversos países. Com o objetivo principal de analisar as razões da alta taxa de desistência ao tratamento do colesterol e suas implicações, o Conselho Latino-Americano para Cuidado Cardiovascular (CLACC) desenvolveu o Projeto Core.

“A aderência ao tratamento da dislipidemia no Brasil é muito baixa”, alerta o professor doutor Andrei C. Sposito, presidente do Departamento de Aterosclerose da Sociedade Brasileira de Cardiologia. O especialista explica que o fator econômico, custo alto dos medicamentos, poderia explicar esse cenário. No entanto, existem ações para popularizar o tratamento e, mesmo assim, a aderência continua baixa. “O que precisa ser melhorada é a informação que chega ao paciente”, admite Sposito.

Motivar a adesão

A dislipidemia, doença caracterizada por elevadas taxas de colesterol no sangue, é silenciosa, ou seja, não apresenta sintomas específicos e, consequentemente, não proporciona um evento radical que mude a rotina das pessoas. Também não é reconhecida nem valorizada pelos pacientes como fator de risco à ocorrência de complicações graves, como por exemplo, infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame). Por esse motivo, a conscientização é mais difícil.

Por meio de pesquisas com pacientes e médicos, o Projeto Core aponta que o paciente não sabe ao certo as graves conseqüências que podem advir dos “escorregões” no tratamento. Faltam informações mais detalhadas que realmente motivem a adesão do tratamento e quando comparam o problema com outras doenças que trazem consigo sintomas, tendem a achar que a dislipidemia é menos grave ou que está sob controle. No geral, os pacientes acreditam que são bem sucedidos no tratamento.

Em relação à aderência, é mais comum a não adesão às mudanças no estilo de vida do que o abandono ao tratamento medicamentoso. Estes têm, entre seus principais motivos, os pacientes que fazem dieta se sentirem bem e, assim, acreditarem que podem parar com a medicação; pacientes com outras patologias associadas, cansados de tomar muitos medicamentos, elegem justamente o de colesterol para deixar de tomar; pacientes que não sentem nada e fazem o tratamento mais por pressão da família do que vontade própria e a falta de conscientização sobre a cronicidade e gravidade do distúrbio.

Três pilares

Para o presidente, a principal diferença entre os pacientes adeptos ao tratamento medicamentoso e os que abandonam é que os primeiros já foram, de alguma forma, sensibilizados sobre a importância dos medicamentos no controle das taxas de colesterol e as consequências da doença. Já os pacientes que abandonaram o tratamento acreditam, equivocadamente, que existem formas de controlar o colesterol que não a medicação.

O cardiologista Raul Dias dos Santos Filho, explica que as pessoas deixam de fazer os tratamentos e, com isso, não previnem doenças do futuro. “O Projeto Core se propõe a entender as falhas de adesão aos tratamentos indicados”, ressalta.

Existem três pilares para a boa adesão dos pacientes, relata o especialista. O primeiro é a educação, ou seja,, conscientização do paciente e do médico em relação ao tratamento de longo prazo; o segundo é a disponibilidade do remédio e, por fim, programas de monitoramento e estímulo para saber se o paciente está se tratando corretamente. “É necessário desmistificar a ideia de que o colesterol controlado é sinônimo de cura”, complementa Andrei Sposito. O tratamento deve ser mantido em longo prazo.

Para reduzir o colesterol

* Passar por exames frequentes a fim de monitorar o nível de colesterol
* Controlar a ingestão calórica
* Limitar o consumo de alimentos com gorduras saturadas
* Consumir porções diárias de frutas e verduras
* Dar preferência em consumir peixe, carnes magras e frango sem pele
* Preferir leite desnatado
* Praticar exercícios físicos sob orientação diariamente
* Abolir o cigarro e consumir álcool com moderação

Fonte: Associação Americana do Coração.

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