Problema de saúde comum entre mulheres de meia idade e nos idosos, a incontinência urinária além de afetar a qualidade de vida, causa danos também à auto-estima do paciente. Muitas pessoas acreditam que a doença é uma ?coisa da idade?, por isso não buscam ajuda médica e não se tratam. ?É como viver a vida pela metade, pois preocupados com o desconforto, anulam seus relacionamentos sociais?, observa a fisioterapeuta Maura Regina Seleme, especializada em uroginecologia. Com efeito, os portadores da doença evitam passeios, shows ou outros programas que demandem mais tempo. Tudo para não ter que passar pelo incômodo de sentir uma vontade incontrolável de fazer xixi.
Não é só lado social que é afetado. Conforme a urologista Miriam Dambros, não conseguir segurar a urina acarreta outros distúrbios, entre eles, as infecções e a depressão, muitas vezes forçada por um isolamento involuntário. Segundo a especialista, cerca de 30% da população feminina acima dos 60 anos irá sofrer da doença. Entre os homens o índice chega a 10%.
De acordo com os especialistas, a incontinência urinária está diretamente relacionada à qualidade de vida do paciente. Ter que se levantar várias vezes à noite para ir ao banheiro, não sair de casa por vergonha de não encontrar um toalete próximo são algumas das queixas dos acometidos pela doença. As mulheres são as mais atingidas pela síndrome: a incidência da doença varia entre 12% (aos 50 anos de idade) até 25% (aos 80 anos). ?A prevalência é maior nas mulheres devido aos fatores anatômicos e o resultado desse incômodo é um sério problema social e de higiene?, esclarece Miriam Dambros.
Ajuda médica
Segundo o médico José Carlos Truzzi, professor de urologia, a perda de urina não é normal em nenhuma idade. Deve sempre ser investigada e tratada corretamente. ?Até mesmo as mulheres que nunca tiveram partos normais, como as jovens e as que não têm a bexiga caída, podem sofrer de incontinência urinária?, reforça o especialista. É o caso da bancária Rosana L. F. de 24 anos. A curitibana conta que desde a adolescência sofreu em segredo com a perda de urina, a princípio noturna, mas que, depois, passou a ocorrer também de dia.
Superando a vergonha, a bancária procurou ajuda médica e teve o diagnóstico de bexiga hiperativa, estimulada pelo sistema nervoso. O médico lhe receitou medicamentos para controlar a situação e sua vida mudou. ?Antes, tinha medo freqüentar festas e até de namorar?, lembra. O tratamento e os cuidados na incontinência urinária variam de acordo com seu tipo e causa. O primeiro passo é descobrir se existe algum problema causando-a e então corrigi-lo. O tratamento também pode incluir exercícios para fortalecer os músculos da pelve, chamados exercícios de Kegel, e outras medidas de autocuidado. Medicamentos, injeção de colágeno, toxina botulínica ou até cirurgia para corrigir algum problema específico podem ser necessários. O médico clínico poderá avaliar e tratar sua incontinência urinária ou encaminhá-lo a um urologista ou ginecologista.
Exercícios
De acordo com Maura Seleme, existe um programa de exercícios que ajuda a fortalecer os músculos do assoalho pélvico, que revestem a parte inferior do osso da bacia, região onde se localizam os órgãos genitais e a bexiga. Nas mulheres, principalmente aquelas que já tiveram filhos, é comum o mau funcionamento (disfunção) desses músculos. Esses exercícios ajudam a controlar e até curar a incontinência. ?Até mesmo as mulheres de mais idade, que sofrem a mais tempo da doença, podem se beneficiar com esse tipo de tratamento?, ressalta.
A causa da incontinência pode estar tanto na bexiga ou no músculo que a controla a uretra, canal encarregado de expelir a urina. Em outros casos, pode estar no próprio assoalho pélvico. José Carlos Truzzi explica que a incontinência por esforço ocorre quase sempre em mulheres, num momento de esforço físico: tosse, espirros, riso, ao levantar peso ou, mesmo, ao subir escadas. ?Geralmente, em decorrência do enfraquecimento dos músculos do assoalho pélvico, fazendo com que qualquer pressão exercida sobre a bexiga faça a urina escapar?, esclarece, completando que a incontinência de urgência acontece pela incapacidade de ?segurar? a urina.
Principais causas
A eliminação da urina pode ser comprometida nas seguintes situações:
> Comprometimento da musculatura dos esfíncteres ou do assoalho pélvico
> Gravidez e parto
> Tumores malignos ou benignos
> Doenças que comprimem a bexiga
> Sobrepeso
> Bexigas hiperativas
Alguns conselhos
> Procure beber entre seis e oito copos de líquidos por dia
> Evite cafeína e álcool
> Não tenha pressa ao urinar e espere a bexiga esvaziar completamente
> Mantenha bons hábitos intestinais
> Controlar o peso
> Longos períodos sem urinar podem significar que você está ingerindo pouco líquido e aumentam o risco de infecções urinárias
> A ingestão de grande volume de líquidos em pouco tempo faz a bexiga encher mais depressa e causa a urgência para urinar