Lucimar do Carmo
Maurício Buschle.

A pessoa que perde a audição pode contar com alternativas tecnológicas para voltar a escutar. Uma delas é o implante coclear, uma prótese eletrônica que estimula as fibras no nervo auditivo. Há várias novidades quanto ao procedimento, o que vêm permitindo uma melhor qualidade de vida aos pacientes. Os avanços estão sendo discutidos no II Simpósio de Implante Coclear, que termina hoje em Curitiba.

continua após a publicidade

?A partir do momento que coloquei o implante, melhorou muito a qualidade de vida. Antes, eu mal conseguia ouvir o telefone. Foi o primeiro impacto que eu tive. Parecia música para mim. Mas hoje já incomoda quando os telefones começam a tocar ao mesmo tempo?, brinca Roner Dawson Barbosa, que possui um implante desses desde 1999. Ele perdeu a audição aos 11 anos, como seqüela de uma meningite. Hoje, Barbosa preside a Associação dos Deficientes Auditivos, Pais, Amigos e Usuários de Implante Coclear (Apad), entidade que auxilia pessoas carentes na manutenção das próteses.

A tecnologia já possibilita a instalação de uma plataforma interna aberta, para futura evolução. Tudo isso acontece sem a necessidade de retirar a prótese já implantada. ?Atualmente, o implante é colocado apenas em um ouvido por causa do seu alto custo?, explica o médico otorrinolaringologista Maurício Buschle, do Hospital Iguaçu – organizador do evento. Uma alternativa para o paciente que ainda possui um resto auditivo é um implante híbrido – aparelho auditivo e implante coclear -, que promove a estimulação.

A grande dificuldade continua sendo o custo do implante. Por causa disso, o Sistema Único de Saúde (SUS) atende basicamente crianças de até 3 anos, que possuem maiores chances de uma boa recuperação. O SUS tem apenas seis centros capacitados para esta cirurgia. ?Crianças maiores, adolescentes e adultos ficam excluídos do SUS. A única saída era a cirurgia particular, que custa entre R$ 85 mil e R$ 120 mil?, afirma Buschle.

continua após a publicidade

Ele e outros médicos formaram um grupo, em Curitiba, que atende por meio de planos de saúde, o que aumentou o acesso a esse tipo de procedimento. Dos 25 pacientes que passaram pela cirurgia com o grupo desde 2006, 23 foram por planos de saúde. ?Há 15 anos estamos esperando o SUS credenciar um centro em Curitiba. Mas não dava para continuar esperando. Formamos este grupo e hoje já existem embriões de projetos como este em todo o País?, comenta o médico.