No Brasil, mais de 20 milhões de pessoas têm acima de 60 anos, número que equivale a 11% da população.
Muitos deles, obrigados ao hábito de ter sempre por perto medicamentos para serem tomados ao longo do dia.
Dores na coluna, artroses, diabetes e pressão alta, entre outros, são os vários motivos que tornam necessária o uso de medicação diária.
No entanto, essas pílulas “salvadoras” podem, porém, além de trazer alívio, efeitos colaterais negativos.
De acordo com o neurologista, geriatra e gerontólogo Luiz Carlos Benthien, do Hospital Pilar, o uso de medicamentos em dose inadequada é o principal fator de risco para a chamada iatrogênese (doença provocada por medicamentos em excesso), comum em casos de automedicação.
“No idoso toda função fisiológica diminui, um dos exemplos mais claros são os rins, que funcionam com apenas 40% da capacidade devido ao envelhecimento”, ressalta o médico. Com efeito, a absorção, metabolização e excreção de medicamento sofrem alterações significativas, podendo prejudicá-los ainda mais.
Um erro que ocorre entre alguns médicos, segundo o neurologista, é, por exemplo, o diagnóstico de labirintite para qualquer tipo de tontura, o que pode levar inclusive ao aparecimento parkinsonismo no idoso, doença neurodegenerativa que tem por sintomas tremores e alteração do equilíbrio.
“Alguns medicamentos para labirintite ingeridos por um longo período podem desencadear a doença”, explica Benthien. De acordo com o especialista, só a imediata suspensão do medicamento é o suficiente para a melhora do paciente.
Automedicação
Os médicos são unânimes em afirmar que a automedicação nunca é segura, até mesmo os analgésicos mais comuns podem causar sérios danos. “Estes, quando usados em idosos que sofrem de algum tipo de úlcera podem causar hemorragias digestivas, assim como os antiinflamatórios podem elevar a pressão arterial”, alerta o neurogeriatra. Já os calmantes são causas de quedas e consequentemente fraturas entre os idosos portadores de osteoporose.
Para evitar o uso de medicamentos e problemas de saúde na terceira idade, a coordenadora do setor de neurologia do Hospital Pilar, Cláudia Panfílio, alerta para a importância de uma vida saudável.
“Acima dos 60 anos, praticamente metade dos idosos tem algum tipo de demência, assim, para evitar ou controlar algum problema é importante praticar atividades físicas, exercitar a mente e manter uma vida social ativa”, orienta a médica. “É comprovado que pessoas com vida social saudável sofrem menos desses distúrbios mentais”, completa.