A dificuldade prática de se obter informações confiáveis a respeito do desempenho dos produtos e equipamentos de saúde em uso no país, levou a Agência Nacional de Saúde (Anvisa) a criar o Projeto Hospital Sentinela. Um dos objetivos do projeto é o de prevenir óbitos e complicações não esperados em pacientes hospitalizados. Outra meta é a de avaliar o desempenho de produtos de saúde, o que é primordial para a manutenção ou a retirada destes do mercado, caso haja evidência de agravos à saúde ou efeitos adversos relacionados ao seu uso. Fazem parte do programa, centros de saúde de grande e médio porte, que realizam ampla gama de procedimentos com a participação de tecnologias médicas variadas e complexas e que desenvolvem programas de residência médica.
No Paraná, cinco centros de saúde integram o projeto: o Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Paraná, o Hospital Universitário Evangélico e o Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba; o Hospital Universitário Regional de Maringá; e o Hospital Universitário Regional Norte do Paraná, em Londrina. Esses hospitais, que aderiram voluntariamente ao projeto, criaram equipes formadas por profissionais com conhecimento sobre epidemiologia e experiência no controle de infecções. A infectologista e epidemiologista Marta Francisca de Fátima Fragoso, responsável pelo projeto no Hospital Nossa Senhora das Graças, explica que as áreas envolvidas no projeto atuam em três frentes de vigilância: a farmacêutica, a de sangue e derivados e a de equipamentos hospitalares.
Avaliação de desempenho
Os técnicos da Anvisa acreditam que a atuação dos profissionais de cada centro de saúde é fundamental para o sucesso do projeto. Qualquer suspeita com relação a algum medicamento, equipamento, artigo de uso médico, sangue e, até mesmo, produtos de limpeza deve ser comunicada à equipe responsável pelo programa no hospital. Após a notificação, uma equipe treinada irá ao setor que deu o alerta, a fim de avaliar cada caso. "Os resultados apurados são repassados para os outros hospitais do programa para que ações corretivas ou informativas sejam uniformizadas", ressalta Marta Fragoso.
Desde agosto de 2001, a Anvisa realiza treinamento para técnicos das instituições convidadas nas áreas de hemovigilância (sangue e derivados), infecção hospitalar (saneantes), farmacovigilância (medicamentos) e tecnovigilância (equipamentos e materiais). Falhas em produtos dessas áreas estão estreitamente relacionadas à qualidade de atenção prestada ao paciente e a avaliação de desempenho de produtos de saúde no uso diário é fundamental para embasar validações subseqüentes ou a retirada de produtos do mercado, caso haja evidência de agravos à saúde ou efeitos adversos relacionados ao seu uso.
A equipe responsável pelo projeto dentro do hospital faz um levantamento dos eventos ocorridos e recebe orientação sobre a maneira como devem agir em cada situação. Depois, essas informações são repassadas a todos os funcionários do hospital, para que eles reconheçam e aprendam a notificar os problemas. "Se notamos algum problema com algum tipo de material cirúrgico, por exemplo, investigamos para saber se a equipe sabe manuseá-lo corretamente ou se a sua manutenção está dentro dos padrões exigidos", relata Marta Fragoso. Se esse problema também ocorre em outros hospitais, é repassado à Anvisa que toma as providências necessárias.
O Projeto Hospitais Sentinelas atua diretamente nas seguintes áreas:
· Comissão de Controle de Infecção Hospitalar.
· Farmácia Hospitalar.
· Engenharia Clínica/Manutenção.
· Comissões de Padronização de Materiais e Medicamentos.
· Comissões de Compras/Licitações.
· Comissões de Prontuários/Óbitos.
· Serviços de Hemoterapia.
· Higienização e Limpeza Hospitalar.
· Serviço de Lavanderia.