Alguns homens não apresentam o mais leve sintoma. Outros sofrem com ansiedade e a insegurança. No entanto, para a maioria daqueles que passam dos 50 anos de idade, a andropausa é um fantasma que continua assustando, principalmente, pelo pânico causado pela possibilidade em perder a virilidade.
Todo esse processo é fisiológico e natural. Sinônimo de virilidade, a testosterona é uma substância presente em quase todo o organismo. Segundo o andrologista Lídio Jair Ribas Centa, a partir dessa idade, os níveis dessa substância no organismo costumam diminuir de forma discreta, e, dependendo de vários fatores, como hereditariedade e condições de vida, essa redução pode se acentuar provocando diversos tipos de reações.
Assim, ao contrário da fase do climatério feminino – a menopausa – já bastante comentada e investigada, a andropausa, versão masculina do distúrbio, é quase uma desconhecida por parcela expressiva da população.
Segundo o Jornal Brasileiro de Medicina, a falta de informação é explicável, já que somente 20% dos homens com idade acima dos 60, período de pico do distúrbio, apresenta sintomas, enquanto que, por seu lado, a maioria das mulheres não escapa dos desconfortos comuns do período que dá início à menopausa.
Terapia hormonal
Lidio Centa explica que, no homem, o papel mais conhecido da testosterona é o de garantir características próprias do sexo masculino, como pêlos no rosto, voz grossa e potência sexual.
“Esses hormônios também têm vital importância no desempenho de outros órgãos, como cérebro, ossos, músculos e rins, entre outros”, reconhece. Muitas vezes associada aos fenômenos físicos, a falta dele pode também trazer problemas psicológicos, sendo o principal deles, a depressão.
Não existe uma data certa para o surgimento a andropausa, mas ao chegar próximo dos cinquenta anos, a possibilidade é mais acentuada. O andrologista lembra que há certos fatores que tornam a sua incidência mais precoce: tabagismo, alcoolismo e maus hábitos alimentares.
Não existe um tratamento específico, mas há maneira de compensar a falta de testosterona. Nesse particular, a terapêutica hormonal de substituição ou os suplementos hormonais podem desempenhar um papel importante.
Lídio Centa explica que existem vários métodos de reposição hormonal, todos com suas particularidades e eficiência. Entre os mais utilizados estão os adesivos colados à pele, ampolas injetáveis, comprimidos orais e a aplicação de cremes tipo gel.
“Cada método tem a sua vantagem e o médico deve escolher aquele que mais comodidade e menos efeitos colaterais traz ao paciente”, avalia. Um dado importante, anunciado pelo especialista, é de que quase a totalidade dos homens que passam por uma reposição hormonal bem administrada consegue recuperar a taxa normal de testosterona. O obstáculo para alguns, conforme o médico, é apenas a idade em que se inicia o tratamento e a demora na decisão de procurar ajuda médica.
Avaliação médica
Definitivamente, a terapia hormonal também é “coisa” de homens. Se antes apenas um paciente em cada grupo de 100 aderia ao tratamento, hoje, este número já passou de 20.
Os homens só procuravam o andrologista para casos bem específicos, como doenças nos testículos ou para algum tipo de tumor. O grande vilão para essa corrida ao tratamento é a taxa de testosterona. Quando ela despenca, eles ficam desanimados, com o raciocínio lento e a libido lá em baixo.
“Os sintomas da andropausa não podem ser apenas atribuídos à deficiência de ,testosterona, mas também a uma série de fatores não-hormonais”, explica o urologista Fernando Lorenzini, advertindo que a reposição hormonal nunca deve ser feita de forma indiscriminada, sem o paciente, antes, passar por uma avaliação clínica detalhada e especializada.
É bom frisar que, assim como na terapia feminina, nem tudo é maravilha no mundo dos hormônios. Há riscos e, sem acompanhamento médico minucioso, eles podem tornar bem graves.
Segundo o urologista, o mais temido é o câncer de próstata. Por isso, ele não aconselha a reposição para pacientes com histórico familiar da doença e, também, para os que sofrem de doenças cardiovasculares ou hepáticas.
Alguns efeitos colaterais podem advir da terapia de reposição, entre eles, o aumento significativo no tamanho dos mamilos, a apnéia do sono e a elevação dos índices de colesterol ruim, entre outros.
“Velinhos” satisfeitos
Algumas coisas parecem melhorar com o tempo. Um estudo feito com mais de mil voluntários, com idade variando de 20 a 79 anos, verificou que os homens na faixa dos 50 anos de idade estão mais satisfeitos com suas vidas sexuais do que aqueles com idades girando entre 30 ou 40 anos.
Segundo uma pesquisa norueguesa, o nível de satisfação identificado entre os homens entre 50 e 59 anos foi similar ao registrado na faixa de 20 a 29 anos, por exemplo.
Os resultados foram publicados no periódico da Associação Britânica de Cirurgiões Urologistas. Dos voluntários, 86% eram casados ou tinham companhia sexual e 57% disseram ter tido relações sexuais nos 30 dias anteriores à pesquisa.
Quanto aos medicamentos utilizados, os principais foram para hipertensão (pressão alta) – tomados por 25%, ansiedade ou depressão (6%), diabetes (5%) e disfunção erétil (5%).
“Os resultados do estudo mostraram uma relação muito forte entre o aumento da idade e a redução nas funções sexuais, mas não entre idade e satisfação sexual”, concluíram os pesquisadores.