De tempos em tempos, a eficácia da homeopatia é contestada de forma veemente. Desta vez foi a importante revista científica The Lancet que publicou um artigo em que diz não existirem provas de que os remédios homeopáticos funcionam mais do que placebos, aquelas pílulas sem efeito, usadas em estudos, que são dadas aos pacientes como se fossem remédio. Essas notícias caem como uma bomba no colo de mais de 5 milhões de pessoas que, somente no Brasil, utilizam esses tipos de medicamentos para curar diversos tipos de doenças. ?Gotinhas? receitadas por cerca de 15 mil homeopatas legalmente registrados na especialidade nos conselhos regionais de medicina.
Helvo Slomp Júnior, presidente da Associação Médica Homeopática do Paraná, lembra que a especialidade é reconhecida há quase 20 anos, sendo ensinada nos cursos de medicina. ?Além disso, os homeopatas participam ativamente das comunidades médica e científica?, frisa, salientando que, por esses e outros conhecimentos é recomendada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma tecnologia médica válida.
Pesquisa científica
A homeopatia se distingue por sua técnica absolutamente individualizada, que estuda e trata o paciente como pessoa única, e desse modo deve ser estudada por outro tipo de metodologia. ?Os métodos de validação nunca devem ser os mesmos que os de um remédio alopático, como no estudo recém-publicado?, reclama Slomp Júnior. No seu entender, a especialidade oferece uma visão singular das doenças, mas como não dispõe de recursos para pesquisas de grandes populações, volta e meia é vítima de grupos que têm interesse na sua marginalização.
Conforme o dirigente, a visão de que na homeopatia não existe comprovação científica é facilmente desmascarada. As maiores universidades brasileiras vêm pesquisando a ação terapêutica das ?gotinhas? por meio de estudos duplo cego e randomizado (comum para todo tipo de medicamento), sob o comando de reconhecidos pesquisadores. Além disso, assim como em qualquer outra especialidade, o homeopata é um médico, e responde legal e judicialmente pelos atos que pratica. ?Também, por isso, está plenamente capacitado a introduzir a forma terapêutica que achar necessária para a recuperação do seu paciente?, frisa o presidente.
TRATAMENTO INDIVIDUALIZADO
Um senso comum é de que a homeopatia visa tratar o paciente como um todo, não levando somente em conta os sintomas apresentados por ele. Para os especialistas, a dor é um sinal de que algo no organismo não está bem. ?Por isso, analisamos o meio onde ele vive, suas reações físicas e psíquicas, sua alimentação e suas relações laborais?, esclarece o homeopata Luiz Antonio Batista Costa. Nesse sentido, não pode existir um medicamento específico para patologias isoladas e sim um para cada paciente.
O médico explica que o que promove a cura não é a ação direta do remédio no organismo doente, mas sim a sua ação na energia interna que se encontra desequilibrada. Assim, o medicamento, ao restaurar o equilíbrio também atinge a doença. Daí, ser importante que seu emprego se faça após criteriosa investigação do doente, como um todo, visto que o medicamento correto é escolhido com base na totalidade dos sintomas do indivíduo.
Para Luiz Antonio Batista Costa, o medicamento homeopático reduz o processo inflamatório estimulando o sistema imunológico. Ele recomenda o uso desses medicamentos até nos processos pós-operatórios. ?Para acelerar a cicatrização, apressar a recuperação e evitar hemorragias?, destaca. Sem radicalismos, o médico associa nos tratamentos, quando necessário, outros recursos terapêuticos, como atos cirúrgicos ou o uso concomitante de determinados remédios alopáticos. ?O diagnóstico clínico feito pelos especialistas de cada área é de suma importância para a investigação e avaliação da resposta terapêutica?, conclui.