Quem nunca tinha ouvido falar em hipotireoidismo, agora tem motivos de sobra para conhecer a doença: a alegação do, agora, ex-jogador de futebol Ronaldo Fenômeno de que o distúrbio estava entre seus maiores adversários no jogo contra o sobrepeso.
A declaração do craque fez com que muitas pessoas se lembrem de alguém que, por mais que se esforcem, se submetendo aos mais variados tratamentos médicos e dietas para perder peso, continuam com o índice de massa corporal (IMC) nas alturas.
É bem verdade que o hipotireoidismo acomete, principalmente, mulheres acima dos 35 anos de idade. Além do ganho de peso, são muitos os sintomas que indicam a presença do distúrbio, entre eles, queda de cabelo, ressecamento da pele, sensação de cansaço, alteração na menstruação e fraqueza.
Hans Graf, presidente da Sociedade Latino-Americana de Tireóide adverte que, se não tratado adequadamente ou diagnosticado precocemente, o hipotireoidismo pode trazer sérias consequências para a saúde em geral.”Os hormônios produzidos pela tireóide se espalham por todo o corpo, assim, se a glândula estiver desequilibrada, praticamente todo o organismo também estará”, alerta.
Sintomas sutis
Muitas pessoas são diagnosticadas com a doença somente depois de anos se sentindo mal. Há vários motivos. Frequentemente acreditam que os sintomas sejam apenas reflexos do estilo de vida. Também, seus sinais são muitas vezes confundidos com sintomas comuns a outras doenças.
No início, os sintomas de hipotireoidismo são sutis e, nem sempre, a disfunção é identificada de imediato. Como o quadro da doença, geralmente se instala lentamente, muitas pessoas não percebem e, normalmente, são os familiares que chamam a atenção para a mudança ocorrida.
“A consequência é que os sintomas impactam de forma significativa a qualidade de vida da pessoa”, diz Laura Ward, vice-presidente do departamento de tireoide da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM).
A doença se manifesta pela deficiência dos hormônios produzidos pela tireóide, a glândula que fica na parte anterior e inferior do pescoço e que desempenha importante papel no controle metabólico do organismo.
Quando há desequilíbrio hormonal, o tratamento é relativamente simples. Só que essa rotina tende a se repetir pelo resto da vida, já que a doença pode se tornar crônica.
“Quando a tireóide funciona em excesso causa o hipertireoidismo, quando é de menos, o hipotireoidismo”, explica Hans Graf. Dos estimados 11% da população que é portadora da doença, cerca de 4% não apresenta sintomas – daí a importância do exame de sangue (TSH), a forma mais adequada e confiável para o diagnóstico do distúrbio.
Desequilíbrio hormonal
A constatação de que o hipotireoidismo vem aumentando são confirmadas pelos médicos, que se baseiam na experiência dos consultórios. Um dos motivos mais importantes para o surgimento da doença é o desequilíbrio hormonal.
Além dele, a hereditariedade e alguma falha no sistema imunológico influem no diagnóstico. Para muitas mulheres, o gatilho para o surgimento do distúrbio pode estar no estresse relacionado ao excesso de trabalho ou a chegada da menopausa, período quase sempre conturbado entre elas. Nessa fase, muitas se queixam de fraqueza, falta de fôlego, concentração e lapsos de memória.
Ao mesmo tempo em que surgem as dúvidas sobre um aumento real na incidência da doença, Graf lembra que os diagnósticos que identificam o hipotireoidismo melhoraram nos últimos anos, “consequentemente, os medicamentos também”, frisa.
Uma das opções ,são os hormônios sintéticos que substituem aqueles que deixaram de ser o que deixou de ser produzido pelo organismo, sem deixar nenhum efeito colateral.
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No hipotireoidismo, há uma queda na produção de hormônios fundamentais para a ativação do metabolismo do corpo – que leva a uma diminuição geral da atividade do organismo. |
A função da tireoide
A tireoide é uma glândula que fica no pescoço, lembra a forma de uma borboleta, localizada logo abaixo da saliência conhecida como “pomo-de-adão”, popularmente chamado de “gogó”.
A glândula produz dois hormônios muito importantes para o organismo: o T3 (triiodotironina) e o T4 (tiroxina), que controlam o funcionamento de diversos órgãos. Esses hormônios interferem diretamente em processos, como o crescimento, o ciclo menstrual, a fertilidade, o sono, o raciocínio, a memória, a temperatura corporal, bem como nos batimentos cardíacos, na eliminação de líquidos, no funcionamento intestinal, na força muscular e no controle de peso corporal.
As doenças da tireoide são bem frequentes. Dados da SBEM apontam que um dos problemas mais comuns da tireoide são os nódulos, que não apresentam sintomas.
