Um sinal de alerta pode ajudar pacientes hipertensos e/ou diabéticos a iniciar um tratamento de forma precoce e eficaz; que evite o surgimento de doenças graves, como a nefropatia diabética e as doenças coronarianas. É a presença anormal de pequenas quantidades de albumina na urina, situação identificada por exames simples e rotineiros. Isso porque, a albumina ? uma das principais proteínas presentes na circulação sangüínea e que ajuda na formação das células do corpo quando presente de forma anormal na urina, indica que os rins já não estão exercendo a sua função satisfatoriamente, e que o órgão está ou será comprometido.
Essa situação, segundo a professora de endocrinologia da Universidade de São Paulo, Maria Teresa Zanella, tem uma correlação entre o nível da pressão arterial e a progressão da insuficiência renal. Conforme a especialista, o rim e a hipertensão arterial interagem de maneira íntima e complexa. De acordo com estudos realizados nos Estados Unidos, 25% dos pacientes em tratamento dialítico têm problemas de pressão alta. ?Praticamente todos esses casos poderiam ser prevenidos, ou ter sua incidência reduzida significantemente, mediante o adequado controle da pressão arterial?, comenta a médica.
Sinal de alerta
A alternativa prática para diminuir as conseqüências dessa negativa associação, conforme Roberto Franco, especialista em nefrologia, seria identificar os pacientes diabéticos com pressão arterial elevada, e que estivessem iniciando o quadro de doença renal aguda. No seu entender, isso se consegue por meio da realização de exames seriados da excreção urinária de albumina, a chamada microalbuminúria. Quando este quadro se torna persistente é um sinal de alerta para o agravamento do quadro clínico do paciente.
Silmara Leite, endocrinologista do Centro de Diabetes de Curitiba (CDC), ressalta que o diabetes tipo 2 freqüentemente é diagnosticado vários anos depois de iniciado o processo da doença. ?Nessa ocasião, muitos pacientes já apresentam hipertensão e sinais de doença cardiovascular e renal?, explica, salientando que esse quadro tem efeitos nocivos à saúde e, nos estágios mais avançados, requer diálise crônica ou transplante renal.
Retardar a progressão natural
Assim, destaca Maria Teresa Zanella, a presença da microalbuminúria na urina é um indicador precoce de dano, não só dos rins como de todo o sistema cardiovascular. A especialista explica que, uma vez presente essa proteína, evolui para proteinúria em até 50% dos pacientes com diabetes tipo 2, no decorrer de cinco até dez anos. ?Esse quadro ainda é potencializado quando o paciente sofre de hipertensão?, frisa.
As atuais diretrizes da Sociedade Brasileira de Diabetes recomenda que se pesquise microalbuminúria tão logo os pacientes recebam o diagnóstico de diabetes tipo 2. Após confirmação da presença de alterações de albumina na urina, também recomenda exames mais freqüentes para investigar a sua evolução. Conforme os especialistas, o principal objetivo de qualquer programa de tratamento de pacientes com doença renal causada pelo diabetes tipo 2 deve ser retardar ou prevenir essa progressão natural ainda nos estágios iniciais da doença.
Janela para as artérias
Quando funcionam normalmente, os rins evitam que as proteínas sejam excretadas na urina. A presença de proteínas, como a albumina, na urina é um sinal de alerta de doença renal.
Microalbuminúria ? Pode ser considerada uma ?janela para as artérias? porque é um indicador precoce e muito confiável de doença renal e cardiovascular. A hipertensão é um importante fator de risco de desenvolvimento de albuminúria. O ?vazamento? normal de albumina é inferior a 30 mg/dia. Em pessoas que possuem microalbuminúria pode chegar a 300 mg/dia. Quando esse número cresce já é o indicativo de uma alteração renal.
Proteinúria ? Quando se observam quantidades excessivas de proteína na urina, a doença renal em geral evolui de micro para proteinúria, levando o diabético a ter complicações graves como a insuficiência renal crônica. Se a microalbuminúria é o primeiro sinal clínico de dano real, a proteinúria detecta a presença de doença renal significativa, trazendo potencial risco de doença cardiovascular e morte.
Perda da função renal ? É a diminuição da taxa de filtração do sangue pelos rins. A função renal também é avaliada medindo-se a concentração de creatinina, uma substância totalmente execrada na urina. Assim, o aumento dos níveis de creatinina no sangue indica disfunção renal.
Medicamento pode reverter desenvolvimento da doença
Os resultados de uma pesquisa de grande porte foram publicados no New England Journal of Medicine, indicando que os efeitos clínicos do medicamento irbesartana ofereceu proteção renal aos pacientes, independente do controle da pressão arterial. Em 70% dos casos a substância reduziu a evolução de doença renal causada por diabetes, evitando, com isso, a lesão de órgãos vitais como coração, rins e cérebro. Conforme os pesquisadores do grupo Sanofi-Aventis, a molécula descoberta controla a hipertensão bloqueando a ação do hormônio responsável pela vasoconstrição no organismo.
*O editor participou do lançamento da campanha a convite do laboratório.