Valério Ribeiro da Silva, 46 anos de idade, é hipertenso há quase dez anos. Sofria crises constantes. ?O mal-estar eram tanto que pensava que iria ?explodir? e entrava em desespero?, conta. O balconista faltava ao serviço várias vezes, tomava os medicamentos receitados pelo médico somente nas épocas de crises. Só passou a obter resultados quando assumiu que a doença necessitava de um controle diário, mesmo que os sintomas não sejam ?visíveis?.

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A hipertensão arterial, mais conhecida como pressão alta, é uma das doenças mais freqüentes em todo o planeta. Um em cada cinco brasileiros é portador deste distúrbio ?silencioso?. Hoje, sabe-se que a doença é mais comum em pessoas com idade superior a 50 anos, mas dados comprovam que não existe idade para o início da doença, uma vez que o estilo de vida e o estresse do estilo de vida atual interferem na sua incidência.

A hipertensão ocorre quando os níveis da pressão estão acima dos valores de referência para a população em geral. Esses valores são estipulados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e adotados pela Sociedade Brasileira de Cardiologia como consenso. ?Apesar do valor normal de pressão arterial ser entendido como em torno de 120×80 mmHg (popularmente: 12×8), variando pouco de pessoa a pessoa, considera-se alteração de pressão quando os valores são superiores a 140×90 mmHg?, explica a médica Lise Bocchino, chefe do serviço de cardiologia do Hospital Pilar.

Qualquer pessoa pode apresentar, esporadicamente, níveis de pressão arterial acima desses índices sem que seja considerado hipertenso. Isso pode ocorrer, por exemplo, na pratica de uma atividade física, se tornando uma resposta normal e necessária do organismo como adequação ao esforço despendido. ?A medição deve voltar ao normal poucos minutos após sua interrupção, senão passa a ser preocupante?, alerta a médica. O limite individual deve ser avaliado por especialistas da área.

Sintomas confusos

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Quando uma medida, mesmo eventual, de pressão arterial estiver acima do normal deve-se procurar um especialista. O diagnóstico deve ser confirmado pela medida da pressão em várias condições ao longo do dia. ?Como nem sempre é possível que essas avaliações sejam feitas por profissionais habilitados e em equipamentos confiáveis, é importante seu médico solicitar que você realize alguns exames, como os de laboratório, eletrocardiograma, teste de esforço, ecocardiograma e principalmente um exame chamado de monitoração ambulatorial da pressão arterial (Mapa)?, recomenda a especialista.

A monitoração ambulatorial consiste na adaptação de um medidor de pressão a um monitor portátil que registra as oscilações da pressão durante as 24 horas. O paciente precisa anotar em um formulário especial suas atividades no período, além de eventuais sintomas, que serão avaliados posteriormente junto à análise das medidas por um cardiologista.

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Quando ocorrem sintomas, podem ser vagos e confundidos com outras doenças, como dor de cabeça, tonturas e cansaço, ou até com sintomas mais intensos, como enjôos, falta de ar e sangramentos nasais. Com o tempo, as conseqüências da pressão alta aparecem e podem ser tornar bastante graves.

Sem cura

Como tem início lento e progressivo, é fundamental o controle periódico sob supervisão médica, para que sejam evitadas lesões em diversos órgãos. Vale lembrar que onde há vasos sanguíneos podem ocorrer alterações importantes, como impotência sexual, diminuição da audição, insuficiência das artérias das pernas e pescoço (carótidas). ?É o que se chama de comprometimento sistêmico, ou seja, de todo o organismo?, alerta Lise Bocchino.

Em mais de 95% dos casos, a causa da doença é desconhecida, mas alguns fatores podem predispor ao seu surgimento, como a herança genética. ?Logo, se os pais ou parentes próximos são hipertensos, a pessoa tem muitas probabilidades de desenvolver a doença?, adverte a médica. Não existe cura para a hipertensão arterial, porém o seu controle é bastante eficaz.

O diagnóstico de hipertensão deve significar uma reformulação de certos hábitos de vida, que são os chamados tratamentos não farmacológicos e que envolvem o cuidado com a alimentação (com pouco sal e gordura), prática de exercícios físicos leves e freqüentes, suspensão do hábito de fumar e do abuso com bebidas alcoólicas, controle do estresse e manutenção do peso. Entretanto, muitas vezes somente essas medidas não são suficientes para o controle da hipertensão arterial, por isso, é necessário um acompanhamento freqüente por parte de especialistas e a prescrição de medicamentos para controle.

Distúrbios causadas pela hipertensão

No coração e nos vasos sanguíneos

>> Dilatação do coração com insuficiência cardíaca

>> Enrijecimento das paredes dos vasos

>> Aumento do colesterol

>> Infarto do miocárdio

No cérebro

>> Esquecimentos

>> Isquemias transitórias

>> Acidente vascular cerebral (derrame)

Nos rins

>> Insuficiência renal

Nos olhos

>> Alteração nas artérias

>> Comprometimento da visão

SERVIÇO

No próximo sábado, 12 de julho, o Hospital Pilar promoverá o Dia da Prevenção da Hipertensão Arterial, oportunizando à população o diagnóstico da pressão alta. A pessoa será avaliada por equipe de enfermagem, cardiologistas, e será submetido à eletrocardiografia e ecocardiografia. Em caso de diagnóstico positivo será encaminhado para acompanhamento em instituição de saúde e profissional médico à sua escolha. Este programa é gratuito e deve ser agendado previamente. Os exames serão realizados em frente ao hospital (Av. Desembargador Hugo Simas, 333 – Bom Retiro) das 8 às 18 horas. Informações pelo telefone (41) 3077-5939.