O descuido com os hábitos de higiene durante as viagens de férias e o consumo de água sem o devido tratamento, principalmente no litoral, são as principais causas do aumento do número de casos de hepatite A em todos os estados do País. Por isso, a doença também é conhecida por ?hepatite dos viajantes?. A transmissão da doença se faz pela via fecal-oral, ou seja, as fezes do paciente contendo o vírus contaminam reservatórios de água que, por sua vez, é ingerida por outras pessoas ou usada no preparo de alimentos. Esse risco acontece quando esgotos não tratados vão para os rios.
?A qualidade da água é de fundamental importância para se evitar o surgimento da doença?, explica a hepatologista Edna Strauss. Outros fatores de risco vêm do consumo de frutos do mar, como mariscos e ostras, muito apreciados na estação, além de verduras e vegetais crus, outras fontes de contaminação da doença. A médica explica que, se não tratada adequadamente, a hepatite A em adolescentes ou adultos pode ser prolongada, durar vários meses. ?Nas formas mais graves, ela pode se apresentar com icterícia (pele e olhos muito amarelos) intensa e coceira generalizada, que chamamos de colestase?, salienta, advertindo que quando a doença começar a mostrar sinais de gravidade, um especialista deve ser chamado.
Sintomas
No seu início, a doença pode ser confundida com uma gripe, uma vez que provoca febre alta, dores musculares e inflamação dos olhos. As dúvidas só se desfazem quando a pele e os olhos ficam amarelados, sinal de que o fígado começa a não executar as suas funções adequadamente. Náuseas, febre, falta de apetite, fadiga, diarréia e icterícia são os sintomas mais recorrentes e podem ter a duração de até um mês.
Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), João Galizzi Filho, no tratamento da hepatite A não é necessário o uso de medicamentos. ?O sistema imunológico do próprio paciente se encarrega de eliminar o vírus do organismo?, comenta. Repouso relativo, consumo abundante de líquidos e adoção de dieta balanceada também são medidas aconselháveis. O contacto com pessoas infectadas é também um fator de risco, obviamente, e nesses casos é necessário redobrar os cuidados durante o período infeccioso e lavar a louça com água quente, não compartilhar o mesmo sanitário nem a mesma cama.
NÃO CORRA RISCOS
– Evite comer frutos do mar crus ou mal cozidos.
– Não consuma alimentos e bebidas dos quais não conheça a procedência nem saiba como foram preparados.
– Procure beber só água clorada ou fervida, especialmente nas regiões em que o saneamento básico possa ser inadequado ou inexistente.
– Não esqueça de lavar as mãos cuidadosamente antes das refeições e depois de usar o banheiro.
– Aos primeiros sintomas da doença, deixe de consumir bebidas alcoólicas.
– Ao ?desconfiar? da incidência da doença procure, um médico com urgência.
Vacinar é preciso
Há duas vacinas contra a hepatite A. Uma deve ser aplicada em duas doses com intervalo de seis meses, a outra, em três doses administradas em seis meses. A vacina contra a doença não faz parte do calendário oficial de vacinação oferecido pelo Ministério da Saúde, mas deve ser administrada a partir do primeiro ano de vida. Pessoas que vivem em locais sem tratamento de água ou que residam na mesma casa que o paciente infectado também devem ser vacinadas.