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O transplante duplo de rins e pâncreas realizado no Hospital de Clínicas, da Universidade Federal do Paraná, ainda não é muito procurado. Desde o ano passado, quando o serviço passou a ser oferecido foram realizadas apenas quatro cirurgias.

 

O cirurgião do aparelho digestivo Alexandre Coutinho Teixeira atribui a pouca procura pelo serviço à falta de interesse dos médicos que tratam estes pacientes e também à falta de informação por parte dos doentes. De cada cem diabéticos nesta situação, só vinte estarão vivos após cinco anos de diálise, se não fizerem a cirurgia.

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A vida de um paciente diabético que já tem o rim comprometido não é fácil. Além de ficar preso a uma máquina várias horas por dia fazendo a diálise, ele ainda precisa ficar tomando doses de insulina. Isto quer dizer que ele recebe várias picadas de agulha por dia, para verificar o nível de glicose no sangue e para tomar a insulina.

A perspectiva de vida destes pacientes não é muito alta. Quando o diabético tem o rim e o pâncreas comprometido só a cirurgia traz a cura. Edna Yamada, de 28 anos, era diábetica desde os 9 anos. No início controlava a doença com a insulina, mas com o tempo a patologia acabou afetando também o rim. Assim ela teve que começar a fazer a diálise.

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Edna acordava e a primeira coisa que tinha que fazer era medir a glicose e tomar o remédio. A diálise ela fazia em casa mesmo. Ela fez uma cirurgia e acoplou à barriga um cateter por onde colocava um líquido. Fazia isto a cada 6 horas, com sessões de 1h40.

Além do risco de morte a vida social dos pacientes fica comprometida. Não podem comer fora de casa devido à dieta sem açúcar e sal. Trabalhar e estudar também é difícil devido aos medicamentos que precisam ficar tomando.

Edna fez a cirurgia no mês passado e nem acredita que agora não precisa mais ficar se picando toda hora e nem estar presa a uma máquina fazendo a diálise. “Os lugares onde tomova a injeção ficavam doloridos”, lembra. Mas se dependesse do médico dela ainda estaria nesta situação, já que o profissional não a aconselhou a realizar o procedimento.

Edna é do interior e ficou sabendo que o HC fazia a cirurgia por meio do irmão que mora em Curitiba. Veio para a Capital fez o cadastro no hospital e em seis meses fez a cirurgia. O único inconveniente é que os pacientes precisam tomar remédios para evitar a rejeição para o resto da vida. Mas podem levá-los na bolsa retomando as atividades diárias. “Quero voltar a estudar e trabalhar”, diz, emocionada.

Alexandre Teixeira explica que a fila para o transplante duplo não é longa. Em seis meses de espera a cirurgia pode ser feita e o paciente retoma a vida normal. No Paraná, vinte pessoas esperam por transplante duplo.