Hanseníase próxima de ser erradicada

A Secretária da Saúde do Paraná está empenhada no trabalho da Campanha Nacional de Eliminação da Hanseníase, lançada oficialmente no fim do mês passado. Dentre os estados da região Sul, o Paraná é o único que ainda tem um número relativo de casos da doença, mas a quantidade é pequena se comparada com outras localidades do País.

Dados do Ministério da Saúde revelam que o Estado tem um médio índice endêmico, o que equivale a um parâmetro de um a cinco casos para cada 10 mil habitantes. A perspectiva é de que ao longo deste ano a hanseníase seja banida no Paraná. Para isso, uma equipe de profissionais está promovendo campanhas educativas em escolas e em comunidades sociais através da distribuição de materiais explicativos em todas as cidades. Esse trabalho também é desenvolvido junto aos agentes comunitários de saúde que vão de casa em casa orientando a população.

No ano passado foram capacitados 4 mil profissionais da área de saúde visando melhorar o atendimento à comunidade. “Nosso objetivo é diagnosticar precocemente a doença e portanto precisamos de pessoas qualificadas para o atendimento”, afirma Rosana Ribeiro dos Santos, coordenadora estadual do Programa de Controle da Hanseníase.

As primeiras medidas contra a doença foram tomadas no início dos anos 90, mas os trabalhos foram intensificados a partir de 1997. Desde então os casos de pessoas infectadas vêm sendo reduzido progressivamente. Mesmo assim o Brasil é o segundo país com o maior índice de casos, perdendo apenas para a Índia. O número elevado é resultante de diversos fatores, como por exemplo o ambiente insalubre e a saúde debilitada de boa parte da população. O Ministério da Saúde definiu novo período para a eliminação da hanseníase como problema de saúde pública no País, esticando o prazo para daqui a dois anos.

A doença

Conhecida também como lepra, a hanseníase é uma doença de alto poder infectante, originária do bacilo Micobacterium leprae, capaz de atrofiar a musculatura e provocar a inflamação dos nervos. Os primeiros sintomas provocados no doente são manchas avermelhadas ou esbranquiçadas que surgem na pele, além da perda da sensibilidade na região.

O contágio é feito pelo aparelho respiratório. O portador de hanseníase ao expirar libera os bacilos transmissores no ar, que ao serem inalados infectam o indivíduo. Há ainda alguns casos de contaminação através da penetração do bacilo pela pele. Mas para pegar a hanseníase é preciso ter certa convivência com o doente e mesmo assim depende das condições em que se encontra o organismo da pessoa. “A infecção pelo bacilo ocorre em pessoas que estão suscetíveis ao contágio”, explica Rosana. Em geral, a contaminação ocorre no ambiente familiar do infectado.

Tipos de infectados

A classificação divide os portadores de hanseníase em dois grupos: o paucibacilar e o multibacilar. A definição é feita com relação à quantidade de bacilos existentes no doente e é determinada de acordo com o número de lesões observadas na pele. Com menos de cinco lesões, o paciente é identificado como paucibacilar e igual ou superior quantidade de manchas é multibacilar. Apenas o portador multibacilar é capaz de transmitir a doença. Para ambos os diagnósticos, a hanseníase tem cura. O tratamento é feito por poliquimioterapia, com doses administradas de rifampicina, dapasona e clofazimina.

A doença deixa de ser transmitida praticamente no primeiro dia de trato clínico. Segundo informações do Ministério da Saúde, a primeira dose do medicamento mata 90% dos bacilos transmissores, impedindo que o portador multibacilar contagie outras pessoas. A duração do tratamento é de 6 meses a um ano e não pode ser interrompido.

Fatos sobre a lepra

Os primeiros casos da doença ocorreram na Índia e no continente africano.

A hanseníase é uma das doenças mais antigas já registradas. As referências mais remotas são de 600 a.C.

A cura para a hanseníase só foi descoberta no início dos anos 60.

Embora a hanseníase atinja ambos os sexos, ela acomete mais os homens.

O período de incubação do bacilo varia de 2 a 7 anos, podendo levar até uma década para manifestar-se.

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