Gripe não deve ser tratada com auto-medicação

Início do outono. Vitrines cheias de casacos e blusas de lã. E quem parece que adora ir às compras é o vírus influenza. Causador da gripe, ele chega a cada ano de roupa nova. Modificado e altamente contagioso, não causa muita preocupação para a população em geral – o que é um erro, segundo a infectologista do Hospital Vita, Luzilma Martins. “Quando não tratada corretamente, a gripe pode evoluir para complicações como sinusite, otite e pneumonia”, alerta.

A transmissão do vírus ocorre pelo ar, seja pela tosse, espirro, fala ou por contato físico. Um só espirro é capaz de espalhar milhares de vírus de uma só vez. Eles invadem as células do aparelho respiratório e causam o quadro clínico gripal. “Os sintomas são febre alta, dor de garganta, dor muscular, tosse, cefaléia e mal estar”, afirma a infectologista. Para tratar o vírus é indicado repouso, hidratação e medicação analgésica.

Porém, muitas pessoas não procuram orientação médica para tratar a gripe e se auto-medicam. A infectologista explica que esse procedimento pode resultar em problemas, entre eles a superdosagem de medicamentos, que pode causar intoxicações graves e provocar reações adversas. “Além disso, a auto-medicação pode camuflar situações patológicas sérias, escondendo alguns sintomas que possam indicar complicações graves”, orienta Luzilma. Outro alerta é para que as pessoas não utilizem remédios que tenham na composição AAS (ácido acetilsalicílico) para tratar a gripe, apenas antitérmicos e analgésicos sem esse componente. “Se os sintomas não melhorarem em 3 ou 4 dias, deve-se procurar um médico. Já existem antivirais específicos para a gripe que devem ser utilizados no início dos sintomas, com orientação médica”, explica Luzilma.

Uma doença para a qual todos devem estar alertas é a SARS (Síndrome Respiratória Aguda Severa), uma espécie de pneumonia grave. “As primeiras manifestações são muito semelhantes às da gripe: febre acima de 38 graus, tosse, dor de cabeça, dificuldade respiratória e dores musculares”, explica a infectologista. Apesar de nos primeiros estágios ser parecida com a gripe, a SARS preocupa a Organização Mundial da Saúde (OMS). Nos últimos dois meses foram registrados cerca de 2.200 casos, incluindo 78 mortes. A doença, que começou na Ásia, já se espalhou para a Europa e para a América do Norte.

A semelhança é tanta que uma das primeiras hipóteses da OMS foi de que a “misteriosa pneumonia” vinda do Oriente fosse uma mutação do vírus influenza. Porém, até o momento, os testes ainda não identificaram o agente causador da SARS.

Luzilma afirma que a preocupação com a SARS no Brasil deverá ocorrer quando forem confirmados casos da doença por aqui. Até o momento, existe apenas um caso suspeito, de uma jornalista britânica que viajou para a Malásia e Cingapura e, que agora, está em São Paulo. “Por precaução, os pacientes devem procurar um médico para receber orientações quanto ao tratamento de qualquer sintoma semelhante à gripe, principalmente as pessoas que tenham viajado para o Oriente ou América do Norte ou que tenham tido contato próximo com alguém que tenha estado nas áreas de risco”, orienta.

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