Muitas vezes, até nas saudáveis barras de cereais elas estão presentes. Na batatinha frita da lanchonete, também. Nos ingredientes dos sorvetes e bolos de padaria é fácil encontrá-las. Nos salgadinhos de pacote, nos pastéis e nos biscoitos industrializados, nem se fala. São as onipresentes gorduras trans. O nome é meio estranho (é uma forma simplificada de ácido graxo transverso) e os incontáveis estudos atestam que elas são mais prejudiciais à saúde do que as gorduras saturadas. ?A saturada aumenta o colesterol ruim (LDL), mas não afeta o bom (HDL). Ao contrário, a trans, além de também aumentar o colesterol ruim, diminui o bom?, afirma o cirurgião cardiovascular Luiz Fernando Kubrusly.
Além de trazer grandes prejuízos para o sistema cardiovascular, algumas pesquisas indicam que o consumo de gordura trans pode estar relacionado a um aumento na incidência de câncer de mama. As mães também devem ficar de olho nas quantidades ingeridas pelas crianças, pois essa substância pode interferir na composição de outros nutrientes que são importantes para aqueles que estão em fase de desenvolvimento.
As gorduras trans são utilizadas para intensificar a consistência e a textura dos alimentos, além de aumentar a sobrevivência de alguns produtos nas prateleiras. No organismo, esse tipo de gordura se comporta pior do que a saturada (gordura do bem) que não prejudica as artérias.
Reduzir o consumo
A endocrinologista especializada em obesidade Karla Saggioro avalia que, na realidade, a principal questão é tentar reduzir ao máximo o consumo de gordura trans, sem, no entanto, excluí-la do cardápio. ?A maior dificuldade é saber em quais alimentos elas são encontradas e em qual quantidade?, reconhece. Para tentar resolver esse problema, a Anvisa, desde 2006, determinou que as indústrias devem especificar nos rótulos o teor de gordura trans de seus produtos.
Até lá, por enquanto, o melhor é reduzir seu uso o máximo possível, dando preferência, segundo a especialista, aos óleos vegetais e gorduras poliinsaturadas e monoinsaturadas. Se preocupar em ler o que está escrito nas embalagens dos alimentos industrializados é o primeiro passo para fugir do consumo exagerado de gordura trans. A nutricionista Luciana Fontoura Laffitte diz que não é difícil saber onde ela se esconde, pois nos rótulos dos alimentos é obrigatório constar o item gordura vegetal ou óleo vegetal hidrogenado, ou seja, trans.
?Assim o consumidor tem condições de fazer uma escolha saudável?, observa a especialista. Para isso, ele terá que dar preferência aos produtos que tenham menor teor dessa gordura. O valor declarado se deve à quantidade de gramas da gordura presente por porção do alimento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que a ingestão de gordura trans não deva ultrapassar 1% do valor calórico da dieta. Como cada grama de gordura equivale a nove calorias, um adulto que consome 2.000 calorias diárias, por exemplo, não deve ultrapassar o consumo de 2 g de gordura trans, ?o equivalente a menos de 100 g de biscoitos recheados?, compara Luciana Laffitte.
Viva sem elas
> Ao aquecer uma carne de panela guardada na geladeira, retire a gordurinha branca que se forma sobre ela.
> Prefira cremes vegetais ou margarinas light em vez de manteiga ou margarina normal.
> Refogue o alimento apenas com água e tempero e, quando estiver quase pronto, regue-o com um fio de azeite.
> Não reaproveite o óleo. O ideal é usá-lo uma vez e jogar fora.
> Retire a pele do frango e toda a gordura aparente das carnes antes de cozinhá-las.
> Seque o excesso de gordura das frituras com papel toalha.
Onde encontrar
> Margarina
> Maionese
> Salgadinhos e biscoitos
> Queijos amarelos
> Batata frita
> Massa folhada e cookies
> Sorvetes
> Bolos recheados prontos
> Chocolates
> Sopas e cremes industrializados