Glaucoma é a principal causa da cegueira irreversível

O sistema de drenagem dos olhos lembra o ralo de um chuveiro. Quando o escoamento é normal permanece tudo tranquilo.

Com a água da banheira ou do box começa a acumular, basta uma simples verificação para se constatar que o acúmulo acontece pelo excesso de cabelos naquele lugar.

Isso porque o olho contém um líquido (humor aquoso) que circula continuamente no seu interior. Quando não escoa, gera uma pressão muito grande e provoca danos no nervo ótico, diminuindo a visão e, em muitos casos, levando à perda da visão.

Este é o cenário do glaucoma, doença ocular que, segundo estimativas da Associação Brasileira dos Portadores de Glaucoma (Abrag), afeta em torno de um milhão de brasileiros.

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), existem 65 milhões de glaucomatosos no mundo, sendo que, a cada ano, surgem mais 2,4 milhões de casos.

A prevalência de cegueira por glaucoma é de 5,2 milhões de pessoas, representando a segunda causa de cegueira no mundo e a maior causa de cegueira irreversível.

O oftalmologista Marcelo Jordão compara o nervo ótico ao um aglomerado de cabos telefônicos, como aquelas usadas na telefonia ou TV a cabo. Quando envelhecemos, algumas dessas fibras morrem.

“Nas pessoas com glaucoma, eles morrem com mais velocidade do que o normal”, admite o especialista. À medida que perde essas fibras, a pessoa começa a perder partes do campo visual.

Com efeito, se o glaucoma não for tratado, todas as fibras morrem e pessoa passa a não enxergar mais nada. Nesta fase, a vítima da doença perde a visão periférica (como se o olho observasse através de um tubo – enxergando apenas o que está na sua frente). Nos estágios mais avançados, a visão central também é atingida.

Dano no nervo óptico

“Não é evitável, pois está determinado geneticamente, mas o dano do nervo óptico causado pela pressão alterada pode ser diminuído ou controlado e a perda de visão adiada”, afirma Jordão.

Outro aspecto relevante do glaucoma é que mesmo nos países mais desenvolvidos apenas 50 por cento dos doentes são efetivamente diagnosticados, considerando-se que em países pobres ou em vias de desenvolvimento, como o Brasil, esta porcentagem seja muito superior.

Nos últimos anos, o conceito da doença tem se modificado exemplarmente, assim como os tratamentos evoluíram rapidamente.

“O glaucoma ou neuropatia óptica glaucomatosa é causado por um dano no nervo óptico”, ressalta o oftalmologista Leo Carvalho, reconhecendo que somente o aumento da pressão intra-ocular não é fator definitivo para a doença, nem o único. “Muitos pacientes com pressão dos olhos em níveis regulares também podem apresentar a doença”, comenta.

O oftalmologista Hamilton Moreira explica que o tratamento do glaucoma consiste no emprego de colírios, medicamentos orais, cirurgia a laser, cirurgias convencionais e uma combinação desses métodos, com o objetivo de preservar o nervo ótico e manter a pressão intra-ocular em níveis baixos, a fim de impedir a evolução da perda visual.

Mal silencioso

São recomendadas consultas, pelo menos uma vez por ano, com o oftalmologista, após a pessoa ter completado 40 anos de idade. Já para os pacientes que apresentam casos de glaucoma na família, o ideal é iniciar as consultas periódicas antes mesmo dessa idade.

A recomendação mais importante é lembrar que o glaucoma, geralmente, não apresenta sintomas. “Logo, não é necessário sentir alguma dor ou alteração na visão para procurar o oftalmologista”, reforça Moreira.

De acordo com o oftalmologista Marco Canto, as pessoas com histórico familiar de glaucoma, que apresentam diabetes, miopia e que fazem uso prolongado de corticóides estão propensas a desenvolver a doença. “Por ser um mal silencioso, o exame oftalmológico regular é muito importante”, reforça.

Os glaucomatosos podem realizar qualquer atividade física de forma moderada. O glaucoma é mais bem controlado em pacientes saudáveis e que sigam com rigor as orientações médicas. “Para atividades normais do cotidiano, não há restrições”, garante

Canto, salientando que, quem já se submeteu a uma cirurgia de glaucoma precisa ter mais cuidado, pois qualquer contaminação pode piorar o quadro clínico.
A cura do glaucoma ainda não foi conseguida, apesar de várias pesquisas estarem sendo desenvolvidas nesse sentido.

Orientação e conscientização

O Hospital de Olhos do Paraná realiza no dia 26 de maio uma ação gratuita de conscientização e esclarecimento sobre o glaucoma.

A iniciativa faz parte da programação do Dia Nacional de Combate à Cegueira provocada pelo Glaucoma.

Médicos do hospital proferirão palestra aberta à comunidade, às 15 horas, no auditório da unidade Coronel Dulcídio, seguida da realização de medida da pressão intra-ocular.

As pessoas que apresentarem suspeita de glaucoma durante a campanha será encaminhada para realizar exames nas unidades do Hospital de Olhos pelo SUS ou em caráter emergencial, de acordo com a gravidade de cada caso. Dependendo do resultado da investigação o início do tratamento tem imediato da doença.

Sem a realização dos exames preventivos ou o sem tratamento precoce, o portador de glaucoma sofrerá da mais traiçoeira entre as doenças da visão, pois, os seus primeiros sinais só aparecem quando os olhos estão bastante comprometidos.

Vítimas da doença

* Pessoa com histórico familiar de glaucomatosos
* Paciente com diabetes ou hipertensão
* Pessoas com pressão intra-ocular elevada
* Aqueles que fazem uso prolongado de corticóides
* Pacientes com miopia acima de seis graus
* Pessoas com mais de 40 anos
* Pacientes com lesão ou infecção ocular anterior
* Pessoas da raça negra

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