Garganta: Adenóide aumentada, cirurgia indicada

Se a criança respira pela boca, tem um sono agitado e perde o apetite com freqüência, é bem provável que ela sofra de uma doença que atinge cerca de 15% da população infantil: a adenóide aumentada. ?Da preocupação dos pais ao diagnóstico do distúrbio, normalmente não se deve perder muito tempo?, alerta o otorrinolaringologista Leão Mocelin, do Instituto Paranaense de Otorrinolaringologia.

O especialista avisa que a indicação de cirurgia só se justifica quando os sintomas causam grande desconforto à criança. Embora a reincidência do distúrbio se dê em uma minoria de casos, a operação, que faz uma ?raspagem" da adenóide, é mais recomendada entre 3 e 7 anos de idade. Quando a criança chega a ficar alguns segundos sem respirar durante o sono (apnéia noturna), a cirurgia deve ser feita logo. ?Se o problema não é tão grave, é possível aguardar um pouco, já que a adenóide diminui com o tempo?, observa Mocelin.

Memória imunológica

A adenóide, localizada na faringe, é um tecido de defesa que fornece informações para a produção de anticorpos contra microorganismos presentes no ar. As amígdalas – cujo aumento exagerado está quase sempre associado ao da adenóide – fazem o mesmo com alguns ?invasores" presentes nos alimentos. ?A adenóide grava a memória imunológica que será utilizada para o resto da vida", diz Ney Penteado de Castro Júnior da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia. Pesquisa da Organização Saúde Otorrino, mostra que o aumento de adenóide e amígdalas é a quarta doença tratada pela otorrinolaringologia mais freqüente entre crianças. Perde para a rinite alérgica, a otite média (inflamação no ouvido) e a respiração bucal relacionada à má postura.

Estudo realizado pela organização com cerca de 2 mil crianças, mostrou que o problema atinge 2% das crianças em geral. Delas, cerca de 10% têm alguma doença de ouvido, nariz ou garganta. ?São comuns casos em que os pais não percebem alterações na criança, pois acham que é normal respirar pela boca", afirma Leão Mocelin.

No nascimento, a adenóide está retraída, mas cresce de forma lenta e progressiva até atingir seu ponto máximo, normalmente aos sete anos. A partir dos dez, começa a diminuir e, por volta dos 15, já está novamente retraída. Quando aumenta muito, a adenóide pode inviabilizar a respiração pelo nariz. ?O ar respirado pela boca é mais frio, seco e impuro. A pessoa fica mais sujeita às infecções respiratórias", diz Ney Castro Júnior. O especialista esclarece, também, que, dependendo da idade e da duração do problema, podem ocorrer alterações no céu da boca e na arcada dentária.

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