Um comportamento agressivo pode ser definido como toda e qualquer ação que tenha por objetivo ferir o outro, física ou verbalmente. Uma agressão, geralmente, é o resultado de frustrações ou quando o indivíduo não consegue lidar de forma assertiva com determinada situação. Assim como a sexualidade, a agressividade faz parte do ser humano. Porém, a dosagem desse comportamento que pode determinar se está ou não passando dos limites.
De acordo com a psicóloga e orientadora profissional, Marieta Betassoni da Silva a agressividade é um impulso que move a pessoa para frente. “Esse estímulo agressivo é benéfico para enfrentar as dificuldades. É a mola que impulsiona o ser humano”, falou. Mas se essa agressividade ultrapassa o nível de realização benéfica, se torna algo ruim. Ela afirma ainda que esse nível de comportamento também precisa ser avaliado dentro de um contexto cultural.
A profissional comenta que os orientais tem um comportamento mais reservado, e expressam muito pouco sentimentos de raiva ou alegria. “Eles até aceitam que o brasileiro abrace ou ria alto, mas isso é visto como falta de controle”, avalia. Para o neurologista Walter Arruda o aspecto sócio cultural do indivíduo também é determinante. “O comportamento machista e um grau de agressividade é considerado normal em regiões do Nordeste do País, porém para os nossos padrões é inadequada”, disse.
O meio onde o indivíduo está inserido é outro fator que pode ter influência no comportamento. A avaliação é o que psiquiatra Nelson Andrade Oliveira, que tomou como exemplo as torcidas organizadas de times de futebol. “Como parte integrante de um grupo, ele tem diminuído o senso de responsabilidade, e deixa de ter crítica individual das suas ações”, comentou. Ele também destaca que certas medicações, assim como o álcool e as drogas, tem papel importante nos episódios de agressões descontroladas.
Vilão
Mas na avaliação dos três profissionais os meios de comunicação têm um grande peso nesse cenário. “Hoje existe uma banalização da violência na mídia, e que com certeza tem provocado uma mudança na sociedade”, afirmou Walter Arruda. Essa violência também está presente em desenhos e jogos eletrônicos, que tem como principal público as crianças e adolescentes.
E a afirmação dos profissionais foi confirmada por um estudo feito pela Universidade de Michigan, EUA, divulgado no ano passado. A pesquisa tinha por objetivo conhecer o impacto de desenhos animados violentos, tiros, brigas e assassinatos transmitidos pela televisão sobre a formação dos indivíduos. O trabalho concluiu que os homens mais expostos a cenas violentas durante a infância cometeram até três vezes mais crimes e agressões. As mulheres se envolveram até quatro vezes mais em brigas e outros atos violentos. As conclusões ressaltam que nenhum dos fatores externos, como a estrutura familiar e o nível de escolaridade, teve uma influência tão determinante no comportamento agressivo posterior como a identificação com a violência na TV.