Ela invade o corpo sem qualquer aviso, piora a qualidade de vida e, muitas vezes, pode contribuir para o surgimento de doenças fatais. A osteoporose é assim mesmo: silenciosa e perigosa. Por isso, merece atenção redobrada das mulheres, principalmente daquelas que já chegaram à menopausa. Dados da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia ? Regional Paraná (SBEM-PR), que está em campanha de prevenção da doença, apontam que a doença acomete cerca de 10 milhões de pessoas do Brasil – 80% das mulheres e 13% dos homens com mais de 50 anos.
A endocrinologista Victória Zeghbi Cochenski Borba, diretora da SBEM-PR, explica que a osteoporose é uma doença caracterizada por um aumento da fragilidade dos ossos, com prejuízo da sua capacidade de sustentar a estrutura do corpo. ?Por isso, muitas vezes, o primeiro sintoma é uma queda, cujas conseqüências podem se tornar gravíssimas, principalmente entre os mais idosos?, reconhece. A única maneira de se diagnosticar a doença precocemente é por meio de exames preventivos de densitometria óssea. Senão, as dores vão denunciar o distúrbio, já que os ossos, a princípio, apresentam micro fraturas que vão evoluindo com o tempo.
De acordo com a médica, o osso, na verdade, é um tecido vivo, como a pele, por exemplo. Ele se renova constantemente e, por meio de suas células, mantém o equilíbrio da quantidade de cálcio no organismo. ?Pode-se dizer que o osso é o nosso ?banco? de cálcio; assim a ingestão de alimentos, como leite, queijos e iogurtes, ricos em cálcio, durante a infância, faz com que esse depósito atinja altos níveis?, compara.
Inimiga da saúde pública
A maior incidência da osteoporose no sexo feminino coincide com a chegada da menopausa, época da vida que se caracteriza, entre outros fatores, pela interrupção na produção do hormônio estrogênio. Esse hormônio, cuja produção começa na adolescência, tem função vital para a mulher porque ajuda a manter a produção de cálcio. A partir do momento em que a produção do estrogênio se torna escassa, o osso vai perdendo sua resistência e se torna mais suscetível às fraturas. Apesar da maior incidência em mulheres, a doença nada tem a ver com o sexo. Tanto é que, à medida que a idade avança (em média aos 75 anos), os homens ficam mais sujeitos ao distúrbio.
Não são só as fraturas em si ou a difícil recuperação que tornam a osteoporose uma inimiga da saúde pública. O pior é o que vem depois. A fratura dá início a uma corrente de eventos relacionados ao envelhecimento. As pessoas ficam mais fracas e suscetíveis às infecções. Além disso, devido a pouca atividade física, o sistema imunológico torna-se mais vulnerável e podem surgir doenças mais graves, com os pacientes perdendo a sua independência e precisando de cuidados médicos constantes.
Para quem só ouviu falar da osteoporose a partir da década de 1980, quando ela ficou mais popular, o reumatologista Sebastião Radominski lembra que ela sempre existiu. ?Só que não tínhamos exames e equipamentos para diagnosticá-la com precisão?, frisa. No entender do especialista, apesar de todos os avanços, nada substitui o trinômio informação/orientação/prevenção.
Para prevenir
* Uma dieta rica em cálcio é fundamental.
* Consumir diariamente leite e seus derivados.
* Não dispensar brócolis, espinafre, couve, entre outras verduras.
* Incluir peixe na alimentação.
* Se expor ao sol pelo menos por 20 minutos diários.
* Praticar uma atividade física regular.
* A prevenção deve começar ainda na infância.
Fonte: Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia ? Regional Paraná
Por que ela aparece
* Hereditariedade: mãe, pai e irmã mais velha com osteoporose; pode determinar o início da perda de massa óssea a partir dos 45 anos de idade.
* Diminuição de hormônios: quando diminui a produção de hormônios, começa a perda da massa óssea; portanto, quanto mais cedo ocorrer a menopausa, maior o risco de osteoporose.
* Raça e estrutura corporal: mulheres com estrutura óssea delicada, e de pele clara (em especial louras, ruivas ou orientais) têm maior risco.
* Sedentarismo: mulheres com pouca ou nenhuma atividade física regular.
* Doenças crônicas, tais como reumatismo e inflamação nas articulações, disfunção da tireóide e dos rins levam a maior perda óssea.
* Nutrição inadequada: o consumo insuficiente de alimentos ricos em cálcio desde a infância até a idade adulta compromete a renovação da massa óssea.
* Fumo, álcool e café em excesso.
* Medicações contínuas sem acompanhamento médico: hormônios da tireóide, diuréticos, anticoagulantes, corticosteróides, etc.
OLHO: É preciso manter ativa a fábrica interna que constrói os ossos, ingerindo diariamente cálcio e vitamina D.
