Fobia escolar prejudica as relações sociais

No começo do ano letivo ou na volta das férias, no mês de agosto, a volta das férias traz uma série de complicações para muitos estudantes.

Nem sempre o retorno é motivo de comemoração, trazendo, ao contrário, só aborrecimento. O que preocupa são os transtornos relacionados à chamada fobia escolar. “Fobia em geral, trata-se de um deslocamento da ansiedade relacionada a uma situação insuportável por outra menos alarmante”, classifica a psicoterapeuta Maria Irene Maluf.

Segundo a especialista, a fobia escolar, especificamente, corresponde a uma recusa prolongada da criança ou jovem em ir à escola, sem motivo aparanete. A obrigação em frequentar as aulas faz com que ele sofra com fortes reações de ansiedade.

“As maiores consequências são os prejuízos no rendimento escolar e nas relações so-ciais”, aponta a especialista. Cerca de 20% das crianças, entre três e 14 anos, sofrem do distúrbio. A fobia surge com mais frequência entre os meninos, no início da pré-escola e os alunos entre 11 e 12 anos, por volta da 5.ª série.

Queixas vagas

A psicopedagoga diz que entre os pequenos os sintomas são mais agudos, contudo, apresentam um prognóstico melhor do que no caso dos pré-adolescentes.

“Neste grupo, o aparecimento dos sintomas é gradual, mas muito intensos, graves e du-radouros”, acrescenta. Eles começam com queixas vagas. Um diz que o professor é chato, outro que não gosta dele, que a matéria é desinteressante ou que os amigos se distanciaram, entre outras desculpas. Inventam doenças até que se estabelece a total e irrestrita recusa, inclusive, de levantar-se da cama.

O distúrbio costuma estar associado a uma perturbação de comportamento no contexto familiar, o que torna o problema mais amplo, segundo Maria Irene Maluf.

“Estudos demonstram que 20% dos adultos que sofrem de pânico e agorafobia (medo de lugares públicos) têm uma história de fobia escolar na infância. Provavelmente o aspecto comum entre essas duas perturbações é a ansiedade de separação, que se manifesta de forma diversa na infância e na maturidade, ao invés de desaparecer”, compara a educadora.

Insegurança

A fobia escolar costuma ser precedida ou acompanhada por perturbações do sono, dores difusas, vômitos e perda do apetite. “Surgem antecipações cognitivas de conseqüências negativas, ou seja, medo de castigos, de ser ridicularizado pelos co-legas; de ter uma avaliação ruim do professor; e medos inespecíficos que ao se proliferaram confundem e angustiam os pais”, revela Maria Irene.

Só esses fatores explicam o problema, pois, na opinião da educadora, a escola nunca foi tão prazerosa como nos dias de hoje. No entanto, a situação de insegurança gerada pela violência aumenta a angústia dos pais, que acabam por ins-tigar a ansiedade de separação nos filhos.

“A hiperansiedade presente na fobia escolar é suscitada por uma gama muito grande de estímulos: baixo rendimento escolar, as relações sociais mal estabelecidas que geram insegurança e inibição, a baixa aprovação do grupo, uma preocupação excessiva com a competência pessoal etc.”, exemplifica.

Acompanhamento

A psicopedagoga enfatiza que essa fobia é diferente de outros problemas que acometem o estudante durante a vida escolar. Cita como exemplos a reação transitória, que a criança pequena tem quando se separa da mãe para ir à escola ou a “recusa escolar”, que não desencadeia a angústia, pois é algo passageiro.

“Para um profissional é relativamente fácil o diagnóstico de fobia escolar devido às suas características marcantes e persistentes. Medos racionais, justificados por mu-danças, medo do desconhecido, são normais e representam uma condição de pro-teção altamente recomendada. Porém, a criança que sistematicamente não quer ir à escola apresenta vários episódios de recusa, seguidos de vômitos, dores difusas, perturbações do sono, enurese, comportamentos, ansiosos, sentimentos de culpa. Ela precisa de ajuda profissional”, descreve Maria Irene.

A psicóloga Rosane Schiller afirma que o diagnóstico da fobia escolar carece de precisão, por, muitas vezes, a situação necessitar de melhor acompanhamento. “É considerado fobia, quando se trata de algo que impede a criança em frequentar a escola”, reconhece.

A questão precisa ser trabalhada como patologia. A especialista explica que quadros de dificuldade costumam ser frequentes e variados, como por exemplo, a resistência em se separar dos pais, comum em crianças emocionalmente apegadas. “A questão de adaptação existe em qualquer situação, por isso é preciso cuidado para não problematizá-la mais do que o necessário”, completa.

Quadros psicopatológicos

* Quando há severo prejuízo do interesse da criança
* Quando o desempenho global da criança está prejudicado
* Quando há prejuízo da atenção
* Quando há prejuízo na cognição.
* Prejuízo na apreensão de informações
* Pejuízo no processamento das informações

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