Quando o assunto é prevenção de doenças, invariavelmente, os brasileiros não estão nem aí. Quando se trata de doenças oculares então, a displicência se torna preocupante. Apesar de que, a maioria das doenças que afetam a visão, entre elas catarata, glaucoma e degeneração macular, pode ser tratada ou controlada, elas ainda cegam os brasileiros por falta de diagnóstico precoce.
"A consulta a um oftalmologista é fundamental para a prevenção e cura de doenças oculares, já que algumas patologias só são percebidas pelo paciente apenas quando a visão já está prejudicada", alerta a presidente da Associação Paranaense de Oftalmologia, Tânia Schaefer.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que cerca de 185 milhões de pessoas em todo o mundo apresentam algum tipo de deficiência visual. Destas, 50 milhões são cegas e 135 milhões correm o risco de também não enxergar mais. "Felizmente, 60% dos casos de cegueira já podem ser prevenidos ou curados", comemora a especialista.
A especialista aponta que os defeitos refrativos mais conhecidos, como miopia, hipermetropia e astigmatismo, acometem 50% da população e podem trazer sérios prejuízos se não forem devidamente corrigidos no momento certo. Neste aspecto, de acordo com Tânia Schaefer, é recomendável que a prevenção comece quando a mãe passa pelos exames de pré-natal. ?Doenças congênitas, infecciosas ou intercorrências ginecológicas podem ser diagnosticadas e tratadas, evitando que a criança ao nascer já tenha comprometida a sua saúde ocular?, comenta, dedicando especial cuidado aos bebês prematuros.
Nos primeiros meses de vida, a observação dos pais é essencial. Crianças que derrubam muitos objetos ou esbarram seguidamente em móveis podem estar com sua acuidade visual prejudicada e devem visitar um médico. Mesmo sem a ocorrência de tais sinais, dos três aos quatro anos elas devem ser levadas ao exame. ?Nessa fase o aparelho visual vai se formando e a investigação de algum distúrbio passa a ser muito importante?, ressalta a médica.
Exames periódicos
Por volta dos sete anos de idade deve retornar ao médico, já que 15% das crianças do ensino fundamental apresentam algum tipo de problema visual, o que compromete o seu rendimento. A partir da adolescência as visitas ao oftalmologista devem ser feitas de dois em dois anos, pois com o crescimento podem surgir as hipermetropias e as miopias, doenças que, se não tratadas, prejudicam sobremaneira o desempenho escolar.
A necessidade de exames preventivos na fase adulta também é cada vez mais freqüente devido ao uso constante do computador como instrumento de estudo, lazer e trabalho. Devido ao aumento da expectativa de vida obtida nas últimas décadas, depois dos 40 anos, os exames são obrigatórios e devem ser realizados anualmente, pois é nessa fase da vida que surge a presbiopia (vista cansada), afetando a qualidade de vida e a produção no trabalho. É também o momento de avaliar o aumento de pressão intra-ocular, bem como outros indícios de glaucoma. Mulheres em período de menopausa estão mais propensas à síndrome do olho seco – doença que, se não for tratada, pode danificar a córnea. ?Aproveitar a longevidade sem graves problemas de visão é uma conquista acessível?, completa Tânia Schaefer.
Fique atento aos distúrbios mais comuns
* Glaucoma ou catarata congênitos, miopia, hipermetropia, astigmatismo e outras doenças hereditárias, como anomalias da retina, córnea, íris e nervo óptico.
* Desconforto, ofuscamento, fotofobia e dificuldade na visão noturna.
* Queimaduras e degeneração na pele das pálpebras, pterígio, ceratite (relativa às córneas) e degeneração na retina.
* Presbiopia (vista cansada) e catarata.
* Síndrome da visão no computador, que acomete 75% dos usuários de PC, caracterizada por dor de cabeça, olhos vermelhos, lacrimejamento e olho seco.