O período que envolve as datas festivas de fim de ano é uma época que pode ser considerada de extrema dualidade no que se refere aos sentimentos. Mesmo com os vários compromissos que recaem sobre as pessoas (festas de família, amigo secreto, compras de Natal) e o tempo escasso para realizar inúmeras obrigações, muitos finalizam suas tarefas com exímio prazer e satisfeitos de sua produtividade. No entanto, é comum que haja um pequeno estresse, que pode ser avaliado como um fator positivo, afinal, motiva a pessoa a lidar com as tais “tarefas natalinas”.
Entretanto, para muitos ocorre o efeito inverso. As ocupações com as festividades e os compromissos decorrentes do Natal e do Ano Novo podem produzir sentimentos negativos, potentes desencadeadores de ansiedade, angústia e depressão. “Assim, o que para uns é uma época repleta de esperança, sonhos e delícias para saborear, para outros não passa de um tormento, um pesadelo e um peso a ser carregado”, reconhece o psicólogo, especializado em relacionamento, ansiedade e síndrome do pânico, Alexandre Bez.
Também pelos psiquiatras, essas festas são reconhecidas como o período mais estressante do ano, principalmente para aquelas pessoas propensas aos distúrbios depressivos. Os distúrbios mais incidentes são marcados pelo mau humor, impaciência, dores de cabeça, enxaqueca, depressão, angústia e, em alguns casos, até pelo pânico. De acordo com Osmar Ratzke, da Sociedade Paranaense de Psiquiatria, quem tem dificuldade de conviver com as exigências da vida moderna, conciliando vida pessoal, social e profissional, é a vítima mais vulnerável do estresse característico desse período.
Sensações contraditórias
A recomendação, portanto, é para que cada pessoa tenha o foco voltado para si e permaneça atenta às suas emoções, avaliando em que medida elas surtem efeito positivo ou negativo em suas vidas. De acordo com Bez, nesse momento, está em jogo não apenas o presente, mas toda a experiência acumulada nos anos anteriores. “A maior dificuldade é encontrada entre as pessoas que se sentem depressivas por não ter mais seus entes queridos, fator que desencadeia lembranças e, conseqüentemente, tristeza e melancolia”, reconhece o especialista.
Ao contrário, para as pessoas que estão “de bem com a vida”, o Natal demora muito a chegar e é celebrado em cada detalhe, e quase sempre são carregados de bons fluidos. A psicóloga Silvana Martani também admite que a época do ano cria sensações contraditórias, fazendo com que, por conta de todos os afazeres natalinos o tempo “atropelasse” a vida de alguns, deixando uma sensação de deixa-las de ponta cabeça.
Para a terapeuta, a festa, vista como um encontro importante, pois muitas famílias se reúnem somente nessa data, acabam hipervalorizando laços que, segundo ela, são única e exclusivamente sangüíneos e não afetivos. “Para alguns, quando impostas, tais situações acabam mais irritando do que agradando”, avalia Silvia, citando, também, a questão dos presentes, considerados por muitos o principal da festa, pois acabam se tornando um instrumento para se medir prestígio e sucesso econômico.
Sem controle
Para Alexandre Bez, Há várias maneiras de tentar reverter este quadro. A terapia pode evitar os sentimentos negativos – que podem induzir ao suicídio em raros casos – e trazer à consciência o que estava inconsciente,, fazendo com que se cure mais facilmente o mal estar e desapareça o sintoma da “fobia de fim de ano”.
Pais separados, perigo dobrado
Uma situação bastante comum nos tempos modernos e que, geralmente, traz transtorno com a chegada das festas de fim de ano é a família cujos pais estão separados. Há sempre a dúvida em relação de com quem permanecerão com os filhos nas datas comemorativas, causando certo desencontro e até mesmo gerando ansiedade. Como é inevitável passar por esse delicado assunto, a sugestão é que os pais já estejam preparados para enfrentar tais dissabores e evitem supervalorizá-lo. Em casos de relações amigáveis, o ideal é deixar o cronograma preparado com vários meses de antecedência. Pode-se determinar em que festas a criança estará presente ou um roteiro de viagens que contemple alguns dias com cada “lado” da família.
Só boas recordações
Sentimentos – Se estiver passando por alguma perda familiar recente, admita que é razoável sentir angústia e dor. Não reprima seus sentimentos, senão eles poderão se prolongar por muito mais tempo.
Auxílio – Quando se sentir em situações de isolamento procure ajudar outras pessoas ou mesmo buscar ajuda, isso lhe fará muito bem.
Novos tempos – À medida que a família vai mudando e crescendo, as tradições também se alteram, por isso compreenda também que elas já não se adaptam aos tempos em que vivemos.
Diferenças – Pode ser difícil, mas tente aceitar os membros da sua família exatamente como são.
Custos – Mantenha um limite para gastos para não se arrepender depois, controlando cuidadosamente seu orçamento.
Saúde – Não se sinta obrigado a comer e a beber mais do que aquilo a que está habituado só porque é final de ano.