Filhos depressivos são sinal de pais negligentes

Uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) com 500 crianças e adolescentes de escolas públicas e particulares de Curitiba indicou que 15% dos entrevistados são estressados ou deprimidos. Foi detectado que a maioria deles possui pais negligentes, que não impõem limites ou dão apoio aos filhos.

A coordenadora do Laboratório de Comportamento Humano do curso de Psicologia da UFPR, Lídia Weber, conta que as crianças responderam a um questionário sobre os pais e outro sobre estresse e depressão. No cruzamento das estatísticas, foi verificado o alto percentual de jovens nesses estados. “Literaturas indicam que o índice de crianças depressivas e estressadas deveria ser de 2% a 3%”, explica.

A constatação de que os pais dos entrevistados, em sua maioria, são negligentes também causou surpresa. “Dizem que os jovens com essas características têm pais autoritários, que dão muitos limites e pouca atenção. A pesquisa mostra que 35% dos pais são negligentes, 35% são participativos (que dão muito afeto e muitos limites), 15% são permissivos (muito afeto e poucos limites) e 15% autoritários”, comenta Lídia.

Ela classifica o pai negligente como o pior entre os quatro tipos. O melhor é o pai participativo. Segundo a coordenadora, não ter o acompanhamento causa muito estresse para a criança porque ela não sabe como deve agir com o mundo, ficando muito insegura. “Mesmo que fique brava com os limites, eles são necessários, assim como o envolvimento emocional. É preciso reservar um tempo para ficar com os filhos, sem dar desculpas de que está cansado. Educar dá trabalho e os pais necessitam participar da vida deles”, opina Lídia. Ela ainda cita que o pai negligente parte para a agressão física quando não agüenta mais o comportamento da criança ou adolescente.

Lídia adverte que não estão faltando apenas limites. Os pais não incentivam, não escutam os problemas, não elogiam, não explicam o porquê das normas. “Os pais estão perdidos. Quando foi muito discutido que bater não resolvia nada, o que já foi provado pela ciência, não foram apontadas outras alternativas para educar os filhos”, avalia.

De acordo com ela, as regras devem ser coerentes e consistentes; é necessário o conhecimento e acompanhamento das fases de desenvolvimento da criança; e a valorização das atividades e atitudes deve ser aplicada. “Valorizar o que a criança faz corretamente, e não somente prestar atenção nos seus erros, constrói uma boa auto-estima, gerando um adolescente sem maiores problemas. Os limites devem ser impostos desde cedo e, acima de tudo, amar os filhos incondicionalmente”, orienta Lídia.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo