A infertilidade conjugal ocorre em 10 a 15% da população de casais que se expõem a uma gravidez por um período de um ano. É uma percentagem significativa e, segundo últimas pesquisas, cerca de dois milhões e cem mil casais, no Brasil, têm dificuldade para ter filho. A temática da infertilidade já é conhecida há muito tempo, pois há referência bíblica da sua existência no relato da dificuldade de Sara para conseguir engravidar. O fato é que sua existência foi ?camuflada? por motivos sociais, comportamentais e, quando a responsabilidade é do fator masculino, pelo ?machismo?.

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Hoje, métodos avançados no diagnóstico e tratamento da infertilidade podem oferecer grande ajuda na obtenção do tão desejado filho. Várias são as causas que levam à dificuldade da obtenção da gravidez. Pelo lado feminino podemos citar a alteração do muco cervical, patologias uterinas, obstrução tubária, falta ou alteração na ovulação, endometriose e até aderências peritoniais. Pelo lado dos homens as causas mais freqüentes são varicocele, infecções, alterações hormonais, anticorpos contra os espermatozóides, obstrução das vias seminais e alterações genéticas. O agravante para eles é de que aproximadamente 40% das causas são desconhecidas.

O tratamento pode ser medicamentoso, cirúrgico ou pelas modernas técnicas de reprodução assistida. O importante é investigar a real causa da infertilidade e combatê-la efetivamente. Não se devem utilizar tratamentos empíricos, ou seja, aqueles que não sabemos exatamente a sua ação sobre o aparelho reprodutor e cujos resultados são incertos.

Hoje, devemos oferecer aos casais tratamentos objetivos, efetivos e economicamente acessíveis. Nesse ponto, das mais simples (inseminação artificial) até as mais sofisticadas técnicas assumem um importante papel. Elas devem seguir condutas quanto a indicações, indução da ovulação, preparo do sêmen, controle ecográfico e suporte medicamentoso necessário.

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Após o nascimento do 1.º bebê de proveta, em 1978, iniciou-se uma era revolucionária no tratamento de infertilidade conjugal: a fertilização in vitro. A partir daí houve um turbilhão de descobertas, das quais destacamos a ICSI (injeção intracitoplasmática de espermatozóides), cujo diferencial é a fertilização de um óvulo com um único espermatozóide. A técnica é utilizada na rotina de muitas clínicas de reprodução humana e soluciona o problema dos homens com um número muito baixo de espermatozóides sem melhora com tratamentos disponíveis.

Diante de tanta evolução, podemos dizer que um casal só não poderá ter filhos caso haja uma completa ausência de produção de espermatozóides, ausência completa da ovulação, agenesia ou malformação uterina que impossibilite uma gravidez. Para esses casais existe ainda a possibilidade de buscar ajuda com gametas (óvulo ou espermatozóides) e até por embrião doado, ato que é permitido pelo nosso Código de Ética Médica.

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Dr. Lídio Jair Ribas Centa, diretor clínico da Androlab e responsável pela disciplina de Reprodução Humana do Hospital de Clínicas da UFPR.