Cicatrizes de cirurgia plástica estão cada vez mais discretas, quase imperceptíveis. No entanto, além da habilidade do médico, há fatores genéticos que predispõem algumas pessoas durante o processo de cicatrização – seja após uma cirurgia ou de um corte mais profundo na pele – à formação de fibrose e queloide – o que acaba chamando bastante atenção por seu aspecto estético, muitas vezes, desagradável. Esta sequela estética indesejada incomoda, principalmente, quando surge em regiões mais expostas ou depois da plástica, quando tudo o que uma pessoa quer é se livrar de algum tipo de incômodo.
Na opinião do cirurgião plástico Marcos Grillo, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), não existe nenhum corte que não deixe cicatriz. O especialista revela que o segredo está na habilidade de o médico fazer as menores incisões possíveis e em regiões estrategicamente menos aparentes. Dependendo do paciente, a cicatriz deverá receber um tratamento específico. “Queloide é uma cicatriz imperfeita que surge por uma resposta cicatricial intensa do organismo, que extrapola os limites de um dano cutâneo ocasionado por uma inflamação, queimadura ou incisão cirúrgica”, comenta Carmélia Reis, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD).
Características da pele
Clinicamente, o queloide mostra-se como um inchaço endurecido, róseo, com coceira, por vezes dolorosa, localizado na região em que foi realizada a incisão cirúrgica. De acordo com relatos médicos, esse tipo de cicatriz pode ocorrer em qualquer lugar do corpo, como nos lóbulos da orelha, ombros, região peitoral e tronco superior, mas raramente se desenvolve nas mãos, pés, axilas ou couro cabeludo. “Em uma pessoa, um ferimento localizado na mão pode não desenvolver o queloide, enquanto que no abdome ele pode aparecer de forma bem intensa”, admite a especialista. Isso ocorre devido às características da pele de cada região, como espessura, pigmentação, quantidade de colágeno, presença de glândulas e pelos, entre outras.
Para Marcos Grillo, a “boa” cicatriz apresenta fibras de colágeno paralelas. No caso de queloides, as fibras estão espiraladas, por isso requerem um tratamento bastante específico. De acordo com o cirurgião, hoje em dia, há placas e fitas de silicone capazes de reorganizar o posicionamento das fibras de colágeno quando aplicadas sobre a cicatriz. “Quanto mais recente for a cirurgia, mais eficiente será o tratamento do queloide”, observa.
No caso de queloides antigos, os recursos para amenizá-los vão desde massagens com pomadas à base de corticóides, injeções, ou até mesmo cirurgias reparadoras. Esse tipo de cirurgia emprega anestesia local e tem duração de trinta minutos por cicatriz, em média. Para controlar o aparecimento desse problema é fundamental que o paciente, quando for submetido a algum procedimento cirúrgico, informe ao médico se existe história familiar ou pessoal de queloide. “É impossível ao médico predizer se a cirurgia formará uma cicatriz como essa, mesmo num paciente predisposto, contudo o profissional poderá tomar condutas que reduzam essa probabilidade, como iniciar o tratamento 24 horas após a cirurgia”, esclarece Carmélia Reis.
Tratamentos
Existem diversas formas de tratamento, com sucesso variável, embora existam evidências de que a terapêutica combinada seja mais eficiente que a monoterapia. De acordo com os especialistas, ainda não há consenso quanto às características da lesão que são responsáveis pela melhor resposta terapêutica. Para a dermatologista, entre as condutas terapêuticas, destacam-se o uso de radioterapia local, betaterapia, placas de silicone, injeções de corticosteróides, fitas oclusivas de corticosteróides, cirurgias redutoras, terapia fotodinâmica e criocirurgia (congelamento do local).
A escolha do melhor tratamento dependerá do local e tamanho do queloide que o paciente apresenta, uma vez que em lesões menores de 20 mm, a compressão ap&oacut,e;s cirurgia mostrou-se eficiente, sem necessidade de complementação com outras terapias. “Já nas lesões maiores de 40 mm, nem mesmo a associação de compressão com corticóide injetável e radioterapia se mostrou eficaz”, relata a médica.
Para alcançar resultados satisfatórios, após o tratamento o acompanhamento deve ser realizado, no mínimo, por um ano para avaliar se existe a possibilidade de uma recorrência, já que alguns estudos indicam que a repetição de queloide em determinados locais, em média, 5 meses após sua retirada.
Fatores de risco
* A frequência maior encontra-se em paciente jovem, entre 10 a 30 anos. É raro em criança e idoso
* Pessoas da raça negra estão quase 20 vezes mais predispostas ao aparecimento do queloide
* O quelóide é também mais frequente em regiões de pele mais escura ou pigmentada
* Não existe queloide espontâneo, as lesões são provocadas por pequenos ferimentos não percebidos pelo paciente, como pequenas espinhas (pústulas) na pele por acne, lesões da catapora, ou até picada de insetos
* A causa desse distúrbio ainda está insuficientemente esclarecida
* A presença simultânea de mais de um queloide, também é um fator de risco para aumentar a chance de recidiva
* A colocação de piercings não é recomendada para pessoas com predisposição ao queloide
Possíveis complicações
Os sintomas físicos de uma crise de pânico aparecem subitamente, sem nenhuma causa aparente, preparando o corpo para algum fato inesperado “que está” por acontecer.
* Mudanças estéticas que afetam a aparência
* Desconforto, sensibilidade à cicatriz
* Irritação no contato com roupas ou outras formas de atrito
* Mobilidade reduzida em caso de queloides extensos
* Fatores emocionais
* Recidivas