Só numa roda de conversa dá para sentir que o parto normal anda com a popularidade em baixa entre as gestantes.
Dados recentes divulgados pelo The NHS Information Centre, na Inglaterra, deixaram os médicos britânicos preocupados ao mostrar que 25% dos partos realizados no Reino Unido, entre 2008 e 2009, foram cesárias.
Nos Estados Unidos, em 2005, esse índice já era de 30,2%. No Brasil, os números são maiores. De acordo com o Ministério da Saúde, somente no SUS, 33,25% dos partos realizados em 2008 foram cirúrgicos, o que representa cerca de 660 mil cesáreas. Todos esses dados contrariam a recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS), que determina que este tipo de parto represente somente entre 10% e 15%.
O maior problema da cesária, segundo os pesquisadores, é o fato de a cirurgia ser agendada sem que a mulher esteja efetivamente em trabalho de parto. Para avaliar a dimensão do problema, um outro estudo, desta vez realizado por pesquisadores da Universidade do Alabama, nos Estados Unidos, avaliou 13.258 cesáreas eletivas, as chamadas cirurgias agendadas.
Destas, 35,8% aconteceram antes de 39 semanas, e o resultado mostrou que os bebês nascidos com 37 e 38 semanas apresentaram mais risco de complicações, entre elas problemas respiratórios e hipoglicemia, em comparação aos que nasceram em partos normais.
“A cesária não deixa de ser uma cirurgia, que, para ser realizada, demanda um corte no abdômen. Com a cavidade exposta, aumentam as chances de se contrair uma infecção, por exemplo”, destaca Magda.
O método só é recomendado quando o bebê ou a mãe sofre algum tipo de risco. Se há um trabalho de parto prematuro ou o prazo do nascimento ultrapassa, ai então a cesariana é fundamental, completa a médica. Se não for por um motivo realmente sério, é perigoso”, explica a obstetra Magda Salvador.