O estresse no trabalho é a principal causa de enfermidades nas empresas da União Européia (UE) e causa gastos de cerca de 20 bilhões de euros por ano. Sindicatos e empresários europeus decidiram fazer uma frente comum contra essa doença que surge tanto em escritórios como nas fábricas e assinaram em Bruxelas um acordo que introduz a obrigação dos empregadores de combater o estresse nos locais de atividades.
A esse entendimento ? que levou nove meses de árduas negociações entre todas as partes ? chegaram os principais representantes das partes sociais européias: a Confederação de Sindicatos, a União das Indústrias da Europa, a União Européia de Artesãos e Pequenas Empresas e o Centro Europeu das Empresas Públicas.
O objetivo desse acordo é melhorar o conhecimento do fenômeno e aprender a reconhecer os sinais que indicam uma forte presença dos riscos de estresse nos locais de trabalho.
Será obrigatório controlar o fenômeno, por exemplo, os níveis de faltas, as contínuas mudanças de pessoal ou grande freqüência de conflitos interpessoais entre os empregados, que representam claros sinais de alarme para intervir e prevenir ou reduzir as conseqüências negativas.
Apesar de o entendimento dar ao estresse o status de enfermidade, se estabelece, além disso, que esse “estado nasce da sensação de não conseguir fazer frente às tarefas profissionais”. Se a situação se prolongar, “diminui a produtividade e pode dar origem a uma situação patológica”.
A adoção de medidas concretas, como o exame conjunto dos horários, o grau de autonomia dos empregados, o nível de poluição sonora, casos de abusos e clareza sobre as tarefas propostas, permitirão manter sob controle os níveis de estresse e obrigarão os empresários a “tomar as medidas necessárias para prevenir e eliminar” as causas do excesso de tensão e de insatisfação.
Estudos realizados nos países que compõem a União Européia mostraram que adoecem por estresse cerca de 28% dos trabalhadores europeus, cerca de 40 milhões de pessoas.
Na UE, entre 50% e 60% das ausências por doenças são causadas por estresse acumulado e comportam a cada ano a perda de grande quantidade de dias de trabalho. Os gastos totais, devido aos custos médicos e sociais, atingem 20 bilhões de euros anuais.
As pessoas que mais sofrem são as mulheres, mas para ambos os sexos o estresse pode representar um problema em todos os setores e em todos os níveis.
Falta de controle do próprio trabalho gera estresse
Uma das causas mais comuns de estresse é a falta de controle de seu próprio trabalho. Cerca de 35% dos empregados, por exemplo, sustentaram que não têm autoridade sobre a ordem de suas tarefas e 55% disseram que não têm nenhuma influência sobre o tempo trabalhado.
Também a monotonia, a falta de tempo e o assédio moral (“mobbing”) são alguns dos fatores que complicam a situação, com custos humanos relevantes.
Estima-se que as doenças cardiovasculares na UE se devam, para 16% dos homens e 22% das mulheres, ao estresse associado a atividades profissionais. A esse preocupante problema se associam outras doenças, como problemas musculares e ósseos, assim como distúrbios mentais.
John Monks, secretário da Confederação de Sindicatos, ao comentar o acordo, observou que “a problemática do estresse é relevante não apenas para os trabalhadores mas também para as empresas”.
O estresse, segundo Philippe de Bruck, secretário-geral da União das Indústrias, “torna-se nocivo tanto para os trabalhadores como para as empresas e pode causar a perda de eficiência e produtividade”.
“É necessário permitir que as empresas e os empregados conheçam o estresse e suas causas”, acrescentou Bruck. ele sublinhou que o acordo ao qual se chegou “estabelece algumas medidas para as empresas e seus dirigentes como, por exemplo, o controle das responsabilidades e dos grupos com o fim de favorecer uma melhor comunicação dentro do ambiente profissional”.