Na última década, dois tipos de vírus respiratórios chegaram a representar uma ameaça, não concretizada, de epidemia capaz de atingir todo o planeta: o da Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) e o da gripe aviária.
O mundo passou a ter mais preocupações mais intensas com as variações anuais do vírus influenza desde 2003 quando a doença se disseminou na Ásia.
A gripe aviária causada pelo H5N1 se espalhava pelo continente, trazendo os riscos de uma epidemia.
Milhares de casos mostravam a capacidade desse vírus das aves infectar humanos e ser transmitido entre as pessoas pela tosse e espirro.
De maneira surpreendente, este ano, o México transformou-se no protagonista das preocupações. Uma mutação do vírus surge no país, se alastra pela população local, é levado para os Estados Unidos, atingindo, também, outros continentes.
É assim todos os anos: o vírus da gripe circula pelo planeta. Os períodos do inverno favorecem sua disseminação, que atinge ora o hemisfério norte ora o sul.
Ao longo dos anos, o influenza sofre pequenas mutações que o tornam novamente infectante no ano seguinte. Nosso sistema de defesa não reconhece o novo vírus mutante e, novamente, estamos sujeitos à doença.
Conforme o infectologista David Uip, a vacina contra a gripe, aplicada gratuitamente em idosos pela rede pública, não é eficaz contra o novo vírus, mas é importante que as pessoas com 60 anos ou mais compareçam aos postos de saúde para receber uma dose até o dia 8 de maio, protegendo-se contra os tipos mais comuns de gripe e evitando complicações respiratórias como pneumonias.
Monitoramento constante
O ministro da Saúde, José Gomes Temporão reconhece que a chegada ao Brasil do vírus da nova gripe é inevitável, mas que o país está preparado para enfrentar a doença.
“Não há motivo para pânico no momento, não há sentido nenhum agora em comprar máscaras ou buscar medicamentos contra a gripe”, disse. Até o momento, no País, não há casos confirmados de gripe suína nem evidências claras de que o vírus esteja circulando.
Mas as autoridades federais e estaduais estão alertas e intensificaram a vigilância. “O objetivo desse tipo de medida é identificar possíveis casos de gripe suína e encaminhar os pacientes com quadros respiratórios agudos aos hospitais de referência, aqueles com perfil especializado e leitos de isolamento para pacientes com doenças infecto-contagiosas”, explica o infectologista.
De acordo com David Uip, ainda não é possível dizer qual a dimensão que a epidemia de influenza suína terá em nível mundial, nem mesmo se chegará, de fato, ao Brasil.
Nesse contexto, o médico acredita que o país vem tomando medidas suficientes para conter a disseminação entre a população brasileira. “Estamos mantendo um monitoramento constante dos tipos de gripe que ocorrem no país, por intermédio das unidades-sentinela”, esclarece. Esses hospitais de referência coletam regularmente amostras de secreções nasais e de garganta de pessoas com quadros gripais para isolamento dos vírus.
Cuidados em viagens
Conforme especialistas do Centro de Prevenção e Controle de Doenças dos Estados Unidos, a atitude mais adequada e cabível para o momento é evitar a doença e o contato com pessoas doentes.
Os cuidados higiênicos são os mesmos que se deveria ter para prevenir contágio de quaisquer doenças infecto-contagiosas. O uso de máscaras respiratórias ou cobrir o nariz e a boca quando tossir ou espirrar são questionáveis, se você não tiver o contato com pessoas provenientes das regiões onde está a doença. Outra recomendação é lavar as mãos com água e sabão, sempre após espirros ou tosse.
Evitar viagens a destinos em que já foram detectados casos de pessoas contaminadas pela gripe suína, principalmente México e Estados Unidos, é a primeira orienta&ccedi,l;ão de Jaime Rocha, infectologista do Frischmann Aisengar/Dasa e especialista em Medicina do Viajante.
Se a viagem é obrigatória, deve-se saber se a cidade de destino registra casos da doença. O especialista lembra que, em capitais, o risco é maior e, por isso, a rotina de viagem deve ser diferente.
“Quanto mais isolado o viajante conseguir ficar, melhor. É preciso evitar aglomerações, como meios de transporte coletivos, shows ou museus”, alerta o especialista.
Sem dúvidas sobre a gripe suína
A gripe – É uma doença respiratória, provocada por um vírus influenza do tipo A, iniciada no México e que pode se propagar rapidamente. O vírus – O influenza tipo A tem alto poder de mutação. Atualmente, há quatro tipos de vírus de gripe suína do tipo A. O atual é uma mutação do H1N1 (gripe suina).
O contágio – Pela tosse ou pelo espirro de pessoas infectadas o quadro pode ser transmitido entre os humanos. Sintomas – São normalmente similares aos da gripe comum, porém, muitas vezes, mais agudos e incluem febre, moleza, falta de apetite e tosse. Coriza clara, garganta seca, náusea, vômito e diarréia também podem acontecer, assim como dores de cabeça, dor muscular e articular.
Diagnóstico – Só se consegue a certeza isolando-se o vírus influenza tipo A, analisando amostras respiratórias dos pacientes, nos primeiros 4 a 5 dias ou até 10 dias em crianças.
Vacinação – Até hoje, a vacina contra gripe suína só existe para os porcos e com o vírus sem mutação. As vacinas atuais de gripe não oferecem proteção contra a gripe suína.
Tratamento – Algumas drogas antivirais (zanamivir e oseltamivir) estão sendo usadas na prevenção e tratamento da doença, tentando impedir a replicação do vírus dentro do corpo humano. O uso indiscriminado desses antivirais pode induzir a mais mutações e a efeitos colaterais com riscos desnecessários.