Esperança para mulheres sem ovário

As mulheres que perdem o ovário e ficam improdutivas devido a tratamentos de saúde poderão, em breve, contar com um avanço da medicina. É o congelamento e transplante de ovário. As pesquisas estão sendo realizadas por uma equipe de profissionais brasileiros – médicos e bioquímicos -, que já recebeu um prêmio da Sociedade Americana de Medicina Reprodutiva pelos resultados obtidos. Os estudos começaram em 1998, e em até um ano a técnica deverá estar disponível.

O médico ginecologista de Maringá, Carlos Gilberto Almodin, conta que o seu interesse pelo assunto surgiu depois que uma paciente – que havia engravidado depois de uma fertilização in vitro – pediu ajuda para a filha de quatro anos. A menina estava com leucemia e devido ao tratamento de radioterapia teria o ovário destruído. “Eu fiquei sensibilizado com a história, mas infelizmente não tinha como ajudá-la. Foi então que comecei a estudar sobre o assunto”, falou.

O médico protocolou as pesquisas com animais (ovelhas e coelhos). Os estudos apontaram que para os resultados darem certo é preciso retirar apenas o tecido germinativo de um dos ovários para o congelamento. Depois, o material pode ser transplantado no ovário que foi destruído – chamado de ovário hospedeiro. Das cobaias testadas, a gravidez foi confirmada, porém nenhuma ultrapassou mais de duas gestações. “O desafio agora é saber qual é a parte do tecido que está morrendo”, falou.

Humanos

O ginecologista afirmou que o grupo de pesquisadores conseguiu autorização do Conselho Regional de Medicina (CRM) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para que os testes sejam feitos agora em mulheres. “Deixamos claro que é um estudo e não podemos, por enquanto, garantir os resultados”, explicou.

Para o especialista em reprodução humana, Álvaro Ceschin, o transplante de ovário será uma nova esperança para as mulheres que têm câncer, por exemplo, que devido ao tratamento perdem o ovário. Dentro da mesma pesquisa, salienta, outras possibilidades não estão descartadas, como uma alternativa para gestação depois dos 40 anos. Ceschin explica que com 25 anos a mulher tem 70% de chances de engravidar, e com 40 anos as chances caem para 15%. “Uma alternativa seria retirar um pedaço do ovário com 30 anos e depois engravidar aos 40”, falou. A mesma situação poderia ser utilizada nos casos de menopausa, assim como não é descartada a possibilidade de doação do ovário. “Tudo isso ainda são hipóteses, mas que podem estar bem perto de acontecer”, finalizou.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo