Especialistas criam vacina para deixar de fumar

Uma vacina para deixar de fumar já apresentou seus primeiros resultados positivos, segundo anunciaram especialistas reunidos em Roma, durante congresso da União Italiana de Pneumologia.

De acordo com dois estudos-piloto realizados na Grã-Bretanha e Estados Unidos, com 80 voluntários, a vacina é capaz de favorecer a produção de anticorpos contra a nicotina bloqueando tanto o mecanismo da dependência como o da indução a fumar.

Há poucas semanas, os pesquisadores americanos encerraram o segundo estudo-piloto, que contou com 20 voluntários. Os cientistas explicaram que a vacina é capaz de gerar uma boa produção de anticorpos, e seu efeito dura aproximadamente 60 dias.

O estudo americano confirmou um dado, obtido em um estudo precedente, realizado com 60 fumantes na Grã-Bretanha.

“A nicotina atua em nível cerebral sobre receptores específicos, que causam a liberação de neurotransmissores como a dopamina, envolvidos em mecanismos como a dependência e a indução do desejo”, explicou Walter Canonica, presidente do citado congresso.

“Daí surgiu a idéia de uma vacina que gere anticorpos antinicotina que, ao bloquear a molécula no sangue, a impede de chegar aos receptores: estudos em cobaias demonstraram que isso é possível”, acrescentou Canonica.

O responsável pelo grupo de epidemiologia ambiental pulmonar do Instituto de Fisiologia Clínica de Pisa, Giovanni Viegi, informou, por sua vez, que “o uso prático que se poderá fazer dependerá em grande parte da velocidade de indução do efeito, de sua duração e da resposta a imunizações repetidas”.

“Em qualquer caso, a vantagem principal da vacina é que, bloqueando os efeitos da nicotina, não se atua somente sobre a dependência, mas também sobre outros mecanismos de indução e manutenção do costume de fumar e principalmente das recaídas”, concluiu Viegi.

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