A Esclerose Múltipla não é uma doença restrita apenas a adultos. As crianças e adolescentes também são alvo desta doença auto-imune e existem poucos especialistas com experiência em pacientes nestas faixas etárias. Para falar sobre este tema, a Academia Brasileira de Neurologia (ABN), com apoio do Laboratório Serono, promove mais aula do curso gratuito online "Educação Científica Continuada em Esclerose Múltipla".
Pesquisas internacionais (*) mostram que quase 5% dos pacientes diagnosticados com Esclerose Múltipla são menores de 16 anos quando os primeiros sintomas surgem.
A Esclerose Múltipla age de forma semelhante em crianças e em adultos e o curso da doença caracteriza-se na maioria dos casos por surto-remissão (surtos seguidos de melhoras). Mas nas crianças, ela pode ser mais complexa e prejudicial. Quanto mais cedo a doença aparece, pior, pois ela pode evoluir com seqüelas maiores. Os sintomas mais comuns são vômitos, dores de cabeça, apatia e convulsões. Estas últimas são mais freqüentes nos pequenos do que em adultos. São 22% contra 0,5%.
O diagnóstico, além de clínico, utiliza-se da ressonância magnética e do acompanhamento da evolução dos sinais e sintomas neurológicos ao longo do tempo. Algumas doenças que afetam a mielina (substância que envolve os neurônios responsáveis pelos impulsos nervosos para o cérebro e para todo o corpo) são importantes no diagnóstico diferencial da Esclerose Múltipla, como é o caso da neurite óptica, uma inflamação no nervo óptico, presente em 25% a 75% dos pacientes. O tratamento nas crianças é similar ao em adultos, inclusive são administradas as mesmas doses de medicamentos, com boa tolerabilidade.
A criança não nasce com Esclerose Múltipla. Há uma suscetibilidade para que a pessoa a desenvolva, influenciada também pelo fator ambiental. A doença é transmitida hereditariamente, envolvendo a interação de dois ou mais genes.
A rotina de uma criança com Esclerose Múltipla é normal, respeitando-se, porém, as limitações impostas por alguns sintomas.
É importante também que o neurologista tente definir a doença no primeiro surto, utilizando também técnicas adicionais de neuroimagem, como a ressonância magnética.
Um outro tema da aula é a Esclerose Múltipla em mulheres grávidas. O tratamento é o mesmo feito em qualquer adulto. Estudos atuais e especialistas afirmam que os filhos destas mulheres nascem normais e não apresentam maior risco de malformações, prematuridade, baixo peso ou morte logo após o nascimento.