Vítima de acidente automobilístico, o empresário L. R. G., de 35 anos de idade, sofreu um traumatismo craniano, ficando 10 dias em coma. Para sua recuperação, os médicos indicaram, além dos tratamentos e terapias tradicionais, a equoterapia. ?Nos primeiros dias, precisava ser amparado, mas depois de algumas semanas, meu corpo começou a reagir melhor, com certa independência?, conta. Depois de quatro meses, a evolução no tratamento do empresário está acima do satisfatório e ele se prepara para novos desafios. ?A equoterapia me influenciou a praticar atividades que desafiam meus limites físicos e eu os tenho superado?, comemora.
De acordo a pedagoga e equitadora Ana Lúcia Lacerda Michelotto, a terapia ou método terapêutico que utiliza o cavalo procura em uma abordagem interdisciplinar, seja com fins psicológicos, físicos, sociais ou outros, alcançar objetivos terapêuticos. De acordo com a especialista, o andar do cavalo reflete movimentos tridimensionais, relacionado à força da gravidade, que são estímulos para a desenvoltura das pessoas em diversos sentidos. ?A equoterapia se tornou uma opção de tratamento, se associando a uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde e educação, a fim de buscar o desenvolvimento ou a recuperação biopsicossocial dos pacientes?, reconhece.
Autoconfiança
Os benefícios da interação entre o homem e o cavalo é algo antigo. Até Hipócrates, conhecido como o ?Pai da Medicina?, conceituava a equitação como meio de regeneração da saúde. Mas somente a partir do século XVII foi feita uma referência ao movimento tridimensional do dorso do cavalo. A técnica se tornou importante aliada na recuperação física e psicológica de mutilados da 2.ª Guerra Mundial.
Já estão comprovados cientificamente os benefícios da equoterapia para portadores de deficiências motoras, paralisia cerebral, deficientes na produção de movimentos e com movimentos involuntários, problemas na coordenação, equilíbrio, lesões medulares e de nervos periféricos, patologias ortopédicas. De acordo com Ana Michelotto, os distúrbios comportamentais e a falta de integração social também podem ser solucionados. ?Os ganhos dependem diretamente da equipe multidisciplinar que atende cada praticante que deve capacitá-lo, buscando uma melhora do seu equilíbrio, postura, controle motor, mobilidade, atividades funcionais, concentração no processamento do pensamento e no raciocínio?, enfatiza. Também se consegue um acréscimo na autoconfiança e no autocontrole de emoções, como ansiedade, medo, insegurança, estimulando, ainda, características do comportamento, como paciência e perseverança.
Avaliação individual
A equoterapia beneficia pessoas de todas as idades, a indicação depende sempre de uma avaliação individual e prévia. Pode-se detectar a necessidade de um enfoque psíquico, físico, educacional e social o que torna possível iniciar o atendimento precocemente. Assim, qualquer pessoa pode praticar equoterapia. No entender da especialista, o que muda é o enfoque das sessões, pois as necessidades serão diferentes sejam elas físicas, psíquicas, sociais, educacionais. ?O importante é buscar profissionais habilitados para trabalhar com a prática terapêutica e com a iniciação à equitação?, avalia Ana Michelotto.
Segundo a equitadora, existem muitos conceitos errôneos sobre o método. ?O importante é entender que na equoterapia o praticante não pode ser um simples passageiro?, frisa. Ele deve guiar o cavalo e fazê-lo andar em variadas direções e velocidades, pois ?os movimentos rítmicos do cavalo e suas influências é que são algumas das vantagens do tratamento.?
Principais benefícios
>> Auto-estima
>> Autoconfiança
>> Segurança
>> Comunicação
>> Responsabilidade
>> Atenção e concentração
>> Afetividade
>> Equilíbrio emocional
>> Sociabilização
>> Tônus muscular
>> Flexibilidade
O cavalo
O cavalo é o principal agente da terapia, é por meio dele que são definidas e absorvidas as informações fundamentais para o desenvolvimento dessa prática terapêutica. Animal dócil, de porte e força, se deixa montar e manusear e se transforma em amigo do praticante de equoterapia, criando com ele relacionamento afetivo importante, sendo personagem em sua vida e ponto de contato sedutor com o mundo que o rodeia. O praticante e o cavalo estabelecem relação harmoniosa e conseguem atuar juntos. O código usado nesta relação é o da afetividade, estabelecida graças a confiança recíproca.
Os cavalos recebem treinamento específico para o trabalho com equoterapia. Depois de passarem pela avaliação e de serem aprovados, eles devem ser preparados para a prática. A seleção do animal é feita por meio de observações de grande importância para a equoterapia nos aspectos comportamentais e físicos.
Buscamos um perfil emocional de boa índole, obediência e capacidade de aprendizagem. Também se analisa sua conformação física avaliando aprumos, equilíbrio, cadência e andadura.