"Pelo amor de Deus, minha gente. Agora que todos estão me ouvindo, faço um apelo especial a todos: ajudem as crianças pobres, ajudem os desamparados. É meu único apelo nesta hora especial para mim." As palavras de Pelé ouvidas por um Maracanã lotado e milhares de pessoas pela televisão, no dia 19 de novembro de 1969, quando o ?rei do futebol? marcou seu milésimo gol, repercutem até hoje.
No entanto, só agora, passados quase 36 anos, é que Pelé conseguiu por sua iniciativa e em parceria com a Associação Hospitalar de Proteção à Infância Dr. Raul Carneiro, de Curitiba, mantenedora do complexo hospitalar e educacional Pequeno Príncipe, emprestar o seu nome e prestígio em prol da criança e do adolescente. ?É claro que sempre me envolvi como voluntário em outras ações desse tipo, mas eram apenas testemunhos, sem uma participação ativa, como agora pretendo fazer?, frisou Pelé, durante a apresentação do projeto.
Assim, foi lançado o Instituto Pelé Pequeno Príncipe ? Pesquisa em Saúde da Criança e do Adolescente, uma instituição filantrópica que inicia suas atividades com o objetivo de desenvolver pesquisas em praticamente todas as especialidades pediátricas. Conforme a diretora de Relações Institucionais do Pequeno Príncipe, Ety Cristina Forte, os principais focos de investigação serão as doenças complexas que hoje apresentam limitações no seu diagnóstico ou tratamento e que têm maior incidência no Brasil.
Captação de recursos
Os estudos desenvolvidos na instituição serão de natureza laboratorial e clínica. ?Sempre voltados para aplicação direta dos seus resultados, procedimentos ou produtos?, esclarece Luiz Antônio Munhoz da Cunha, coordenador do projeto. A iniciativa vai abranger as áreas de genética molecular, biologia celular com enfoque nas células tronco, descoberta de novas proteínas, além de pesquisa científica voltada para as especialidades pediátricas.
Outra meta do instituto é atuar em pesquisas de fim preventivo e de diagnóstico precoce. Bonald Figueiredo, coordenador científico da nova entidade, cita como exemplo o caso do tumor de córtex adrenal, cuja maior incidência se dá no estado do Paraná. Já a partir de setembro, todos os recém-nascidos que passarem pelo Hospital Pequeno Príncipe poderão passar pelo teste de DNA para investigação e diagnóstico precoce da doença. ?De posse desse resultado, podemos sugerir uma atuação direcionada para determinada região do estado, onde a incidência da doença é mais acentuada?, enfatiza.
Para Ety Forte, o engajamento de Pelé é fundamental, pois ampliará a visibilidade do projeto e possibilitará uma alavancagem de recursos mais rápida e expressiva. ?Esperamos antecipar em alguns anos a concretização total do projeto e impactar positivamente na redução dos problemas de saúde das crianças?, comenta. Por seu lado, Pelé diz se sentir orgulhoso de poder estar presente em um projeto de tamanha envergadura. ?Recebi muitos convites para participar de instituições e fundações de apoio à criança, mas acredito que o projeto do Pequeno Príncipe é um dos que podem contribuir sobremaneira para a qualidade de vida das futuras gerações?, completou.