O comerciante Orisvaldo Lima Pereira não consegue se livrar de uma enxaqueca que o acompanha há mais de dez anos, interferindo nas suas atividades e trazendo inúmeros prejuízos. Afinal, quem é que consegue trabalhar, estudar ou conviver com intensas e latejantes dores na cabeça, náusea, enjôo, tontura? Esses são os sintomas da enxaqueca, uma doença incapacitante que acompanha a humanidade em toda a sua história, afinal relatos e achados arqueológicos de aproximadamente sete mil anos a.C. já sugeriam intensas crises, interpretadas como a presença de maus espíritos dentro do crânio. Dados da Sociedade Brasileira de Cefaléia atestam que existem mais de 150 tipos de cefaléia já classificados, atingindo cerca de 15% da população.
Muitas vítimas da doença recorrem à automedicação, em busca do alívio para suas dores, e chegam a tomar inúmeros comprimidos de analgésicos por dia. A ironia maior, conforme os médicos, é que se tratar por conta própria é a melhor forma de perpetuar a dor. "Além de causar dependência, o abuso de analgésicos está associado freqüentemente às dores de cabeça crônicas?, esclarece o neurologista Pedro André Kowacs. Para controlar a dor, o médico explica que é necessário reduzir o uso desses medicamentos. Para ele, a ingestão de mais de 8 comprimidos ao mês já é considerada abuso e deve ser evitada.
Tratamento preventivo
Conforme o médico, por ter sua incidência ligada a fatores genéticos, a enxaqueca não tem cura. O tratamento mais indicado é o preventivo, ou seja, aquele que ataca os fatores desencadeantes das crises. Os médicos recomendam uma medicação diária e específica, visando tratar a dor na cabeça e os sintomas associados, proporcionando melhor qualidade de vida ao paciente. "Curar a enxaqueca significa tratar o paciente em todas as suas disfunções, buscando evitar que as crises se tornem freqüentes", completa Kowacs.
Uma crise pode ser precedida por uma espécie de ?aviso?, caracterizado por sonolência, alterações do humor e apetite. De acordo com o especialista, com alguma freqüência, o paciente pode sofrer sintomas neurológicos, tais como a visão de luzes, lentificação do pensamento e dificuldades na fala. A dor, que pode durar horas ou dias, manifesta-se de várias maneiras em diferentes pessoas, e até de diferentes formas na mesma pessoa, o que muitas vezes dificulta um diagnóstico preciso da doença.
A procura por um especialista se faz necessária em determinados casos. De acordo com os médicos, deve fazê-lo quem tiver uma dor de cabeça muito forte nunca antes sentida, quem estiver sentindo uma dor ?diferente? ou associada a sintomas neurológicos, como febre, dormência, visão dupla e diminuição da força. O importante é lembrar que a dor de cabeça tem uma causa e só um médico pode avaliá-la corretamente e descartar as causas mais sérias e ameaçadoras.
Fuja da enxaqueca
A enxaqueca pode ser desencadeada por diversos fatores, entre eles:
– Alguns alimentos, como queijos amarelos, chocolate, café, embutidos e frituras.
– Bebidas alcoólicas.
– Estresse.
– Distúrbios do sono.
– Esforço físico demasiado.
– Alterações hormonais.
– Jejum prolongado.
– Gripes.
– Alguns medicamentos.