A endometriose é uma doença difícil de ser percebida, pois o principal sintoma é a dor intensa no período menstrual, que é confundida com uma cólica forte. Com o tempo, essa dor se torna contínua por todo o ciclo. Dados da Associação Brasileira de Endometriose (ABEND) estimam que a doença atinja 10% das mulheres em idade reprodutiva, outros estudos chegam a publicar 30%.
Segundo o especialista em reprodução humana e diretor do Centro de Reprodução Humana Curitiba, Dr. Ricardo Beck, estudos internacionais indicam que cerca de 30% das mulheres que não conseguem engravidar têm endometriose. Em alguns casos, a doença pode evoluir para tumores pélvicos, que são cistos espessos nos ovários, chamados de endometriomas. Entretanto, salienta Dr. Ricardo, na maioria dos casos, a endometriose pode ser controlada e é possível que a mulher tenha uma gestação normal.
A endometriose é caracterizada pelo implante (deslocamento) do endométrio – tecido que recobre a cavidade do útero, fora do seu local de origem. O problema afeta principalmente o ovário. ?A causa da doença é desconhecida. Acredita-se que fatores genéticos, imunológicos, hormonais e também a menstruação retrógrada [quando fragmentos do endométrio, que deveriam ter sido eliminados, refluem pelas trompas durante a menstruação] estejam relacionados?, esclarece o especialista.
Para identificar a endometriose é feito o exame de vídeolaparoscopia. ?Esse é o melhor método para diagnosticar a doença, pois possibilita visualizar órgãos como o útero, as trompas e os ovários. Além disso, permite que o tratamento seja feito com cauterização ou até a retirada dos miomas, caso existam?, afirma o Dr. Ricardo.
Em alguns casos o tratamento pode ser feito com o uso de analgésicos, anticoncepcionais hormonais de uso contínuo e os medicamentos chamados análogos de GnRH – hormônios que regulam o sistema reprodutor e mantêm a mulher sem menstruar. ?Há mulheres que engravidam após a laparoscopia, outras depois de realizar o tratamento com os análogos do GnRH e, caso essas alternativas não permitam que ela engravide, a opção é a fertilização in-vitro, que tem bons resultados?, salienta.
O especialista acrescenta que alguns cuidados podem ajudar a controlar os sintomas da doença. ?A atividade física e uma alimentação saudável, pobre em gorduras, pode melhorar a qualidade de vida das mulheres?, completa.
