Durante a 23.ª Conferência Anual da Sociedade Européia de Reprodução Humana e Embriologia, evento realizado no mês de julho, na cidade de Lyon, na França, pesquisadores suecos apresentaram um estudo onde a endometriose foi associada pela primeira vez ao aparecimento de diversos tipos de cânceres, especialmente o de ovário. A endometriose ocorre quando o endométrio, ou seja, o tecido que reveste a cavidade uterina, implanta-se fora do útero. Cogita-se que quando a mulher menstrua – e a menstruação nada mais é do que a eliminação do endométrio – fragmentos desse tecido podem caminhar pelas tubas, alcançar a cavidade abdominal, ali se implantar e crescer sob a ação dos hormônios femininos.

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Hoje, sabemos que mulheres sem a doença também podem apresentar essa menstruação retrógada, isto é, a que faculta a chegada do endométrio na cavidade abdominal, mas só algumas desenvolvem a endometriose. Especialistas concluem, então, que alguns fatores permitem a instalação dos implantes na cavidade peritoneal, entre eles, destaca-se o sistema imunológico da mulher. ?É possível encontrar células do endométrio lá dentro, em casos de pacientes com endometriose assintomática?, explica o especialista em reprodução humana Joji Ueno.

A doença é tema recorrente entre as mulheres porque além de causar dor durante a relação sexual, alterações intestinais durante a menstruação, como diarréia ou dor para evacuar. Também está associada às dificuldades para engravidar após um ano de tentativas sem sucesso. Como as cólicas menstruais são ocorrências habituais na vida da mulher, o médico recomenda que a investigação das causas da cólica deva ser feita quando estas apresentarem resistência a melhorar com remédios ou quando elas incapacitam a mulher para exercer suas atividades normalmente. ?A cólica intensa é o principal sintoma de endometriose e leva à suspeita de que a doença esteja instalada?, diz Joji Ueno.

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