?Costumo tomar só café preto pela manhã, não como quase nada no almoço e estou engordando.? Esta repetitiva ladainha é comum entre os executivos cada vez mais ocupados e ?preocupados? com as conseqüências que a má alimentação e o excesso de peso causam à saúde. Só que essa preocupação nem sempre é transformada em atitude, ou seja, eles recebem muita informação, mas não adotam mudanças de hábitos que podem prevenir doenças.
Essa inexplicável constatação foi confirmada em uma recente pesquisa realizada com executivos que passaram por check-up de saúde e avaliações nutricionais. O estudo identificou que mais de 60% deles não se alimentam adequadamente, praticamente o mesmo índice daqueles que não praticam atividades físicas regulares. ?Os problemas de saúde mais comuns aos executivos são o excesso de peso e as taxas de colesterol elevado?, confirma Kelly Costa, chefe do serviço de nutrição do Hospital Santa Cruz.
Alimentação inadequada
Segundo a nutricionista Thelma Rodrigues, uma das coordenadoras da pesquisa, embora haja a suposição de que os executivos tenham mais informações sobre alimentação e saúde, as longas jornadas de trabalho impedem que eles façam suas refeições adequadamente. De acordo com a pesquisadora, normalmente, eles se alimentam duas ou três vezes por dia, em intervalos que ultrapassam oito horas, quando o ideal seria cinco vezes por dia. "O número de almoços, jantares e coquetéis de negócios coloca os executivos em contato com alimentos altamente calóricos diariamente", completa.
Na pesquisa, foi utilizado um indicador conhecido como "Escore de Framingham" para medir o risco de problemas cardiovasculares, que leva em conta informações sobre colesterol, idade, tabagismo, pressão arterial, presença de diabetes mellitus e sexo. Conforme a tabela, índices inferiores a 10% são considerados de baixo risco e maiores que 20% necessitam cuidados imediatos. "Embora apenas 2,4% dos executivos tenham obtido níveis acima de 20%, os indicadores de peso, circunferência abdominal e alimentação mostram que o perigo de doenças do coração permanece", avalia Thelma Rodrigues.
Para Kelly Costa, uma mudança de estilo de vida é uma receita definitiva para reverter esse quadro. A associação da readequação alimentar com uma atividade física programada e constante é o primeiro passo para se evitar problemas futuros. Ela oferece um roteiro de mudanças aos executivos. Tudo feito depois de uma completa avaliação laboratorial e clínica. São estabelecidos com o paciente os objetivos específicos a serem alcançados em determinado tempo, envolvendo, na medida da necessidade, cuidados médicos, psicológicos, nutricionais e preparação física.