Quando o assunto são as doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), as pessoas se lembram da aids, da gonorréia, da sífilis ou do herpes genital. Só que a doença curável que mais rapidamente se dissemina entre adolescentes e adultos jovens é causada por uma bactéria cujo nome é pouco conhecido: a chlamydia trachomatis. Em cerca de 75% das mulheres e 50% dos homens a doença não apresenta sintomas, mas recentes pesquisas confirmam o aumento no número de casos. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos com mulheres sexualmente ativas, apontou casos positivos de infecção em metade delas. Outro dado alarmante é que 57% das mulheres infectadas, depois de tratadas, registraram um novo foco da doença.

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Além de fazer parte das DSTs, o termo também se refere a um gênero de bactérias causadoras de uma série de doenças graves. Na África, por exemplo, a clamídia é conhecida por causar infecções nos olhos, levando ao tracoma, uma doença altamente contagiosa que causa comprometimentos na córnea e a pode levar à cegueira. Em países mais desenvolvidos, uma espécie da bactéria, a pneumoniae, transmitida pelo ar é uma das principais responsáveis por resfriados, bronquites e pneumonias.

No Brasil, as estimativas da Coordenação Nacional de DST/Aids apontam que quase dois milhões de novos casos ocorrem anualmente, atingindo mais mulheres do que de homens sexualmente ativos. ?O contágio da clamídia é predominantemente sexual e a bactéria consegue se multiplicar sem causar grandes alterações no organismo, o que dificulta o diagnóstico?, explica Jaime Rocha, infectologista do Frischmann Aisengart/Dasa. O especialista confirma que, aproximadamente 6% dos pedidos de exames para detectar a clamídia têm o diagnóstico positivo.

Uma preocupação importante vem com o aumento no número de casos da doença em homens, já que para cada mulher infectada, há potencialmente um parceiro exposto à transmissão. Nos homens a clamídia raramente apresenta complicações, mas podem causar infecções, dores e até febre. Sua manifestação é semelhante à da gonorréia (dor ao urinar e aumento do número de micções). Os casos de esterilidade são incomuns, mas podem chegar a ocorrer. A diferença é que a maioria dos homens não é diagnosticada e, quando tem ciência da doença, não é tratada de forma adequada.

Infertilidade

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Já para as mulheres, consideradas um ?reservatório? natural desse microorganismo, os sintomas se apresentam de formas não específicas, como corrimento, dor ao urinar, ardor e coceira. Outra possibilidade de manifestação é a síndrome uretral, que seria definida por quadro agudo de dor ao urinar. ?A clamídia pode subir pelos genitais, atravessar o colo uterino, atingir as trompas e provocar a doença inflamatória pélvica aguda?, afirma o infectologista. Esse processo infeccioso pode impedir o encontro do óvulo com o espermatozóide, levando à infertilidade. No entanto, a complicação ainda mais grave da doença é a septicemia, uma infecção generalizada que pode levar ao óbito.

Como a pessoa não sente nada, deixa de tomar os cuidados necessários e a bactéria vai sendo transmitida nas relações sexuais. Antigamente o diagnóstico era feito por cultura e sorologia (ambos testes com baixa sensibilidade). Hoje, os testes de biologia molecular são os indicados pela alta sensibilidade, além de poderem ser realizados em amostra de urina, facilitando muito a coleta do material em homens. O tratamento deve ser acompanhado por um médico e baseado em antibióticos. ?Em casos de mulheres com parceiros, eles também devem ser submetidos aos medicamentos e ambos devem ficar em abstinência sexual até o final do tratamento?, completa Jaime Rocha.

Sinais que podem indicar alguma doença

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* Dor durante a relação sexual

* Corrimento de cor, volume ou cheiro diferente

* Coceiras e ardores na área genital

* Dor ao urinar

* Ínguas na virilha

A prevenção deve começar cedo

Muitos jovens desconhecem que algumas de suas condutas durante a época de namoro podem comprometer seus relacionamentos na fase adulta e, inclusive, dificultar a formação de uma família. De acordo com a médica ginecologista Silvana Chedid, especialista em reprodução humana, a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) desde a iniciação sexual deve ser tratada com mais seriedade pelos adolescentes. "Por mais que os jovens tenham acesso facilitado às informações sobre prevenção das DSTs, ainda há muito descuido", constata a médica, que dá algumas dicas para os jovens namorados:

* É importante que, ainda na pré-adolescência, os pais levem seus filhos ao hebiatra para que ela entenda todos os processos por que seu corpo está passando e irá passar.

* Nem todo tipo de corrimento vaginal está associado à clamídia ou a outra DST, mas vale consultar um ginecologista sempre que o problema aparecer e persistir por mais de uma semana.

* Para que não haja dúvidas sobre a transmissão de DSTs – já que muito adolescente acredita que a doença só é transmitida através da relação sexual consumada – vale alertar que todo contato com secreções sexuais, quer por contato vaginal, oral ou anal, oferece risco de transmissão de doenças.

* Meninos, não avancem o sinal se não estiverem carregando preservativos.

* Meninas, o uso de preservativo não é responsabilidade somente de seu namorado. Carregue um sempre na bolsa, ou, ainda, pergunte à sua médica sobre preservativos femininos. O importante é não descuidar da saúde.