Drogas: A dependência escraviza

O número de pessoas que consomem substâncias psicoativas que criam dependência está aumentando em quase todo o mundo. Este é um fato absolutamente comprovado. Outra questão preocupante é que o consumo se inicia em uma idade cada vez mais precoce. Com efeito, cerca de 50% do consumo total ocorre em uma faixa etária que vai dos 15 aos 25 anos. De acordo com especialistas, o percentual restante se divide em segmentos cujos extremos se ampliam continuamente, pois se observa que o consumo não somente começa mais cedo, como também acontece em idades mais avançadas.

Para a especialista em toxicologia Norma Vallejo, o uso indevido de drogas é um fenômeno social. ?Primeiro se inicia o uso, logo o abuso e em um terceiro estágio se produz a dependência?, comenta. Assim, no seu entender, as pessoas permanecem atreladas ao consumo, e as substâncias convertem-se no objetivo de suas vidas. Conforme o psicólogo Dionísio Banasszewski, presidente do Conselho Estadual Antidrogas do Paraná, as pessoas podem desenvolver dependência psíquica, física ou mista com respeito a uma determinada substância. Uma pessoa tem dependência física quando, na falta dessa substância, ocorre uma busca desesperada pelo produto. Para que isso se produza, deve haver um processo de tolerância, em que existe uma adaptação do organismo à droga. ?Percebe-se a dependência quando a pessoa necessita aumentar a dose para obter o mesmo resultado?, observa.

Entre as substâncias que produzem dependência estão os opiáceos como a morfina, os psicoestimulantes como a cocaína e as anfetaminas, a maconha, os inalantes, a nicotina e o tabaco, e os depressores do sistema nervoso central, como barbitúricos e o álcool etílico. Para Vallejo, os fatores que incidem na dependência podem ser inerentes à substância, a pessoa ou à fatores ambientais. Em relação à substância, os fatores que influenciam são a disponibilidade, o custo, assim como a pureza e a sua potência. Já os fatores inerentes à própria pessoa, de acordo com Banasszewski, podem ser determinados pela hereditariedade, assim uma pessoa pode ter uma tolerância inata ou desenvolvê-la com maior rapidez que outras.

Cocaína é a que mais causa dependência

Quanto aos fatores ambientais, os especialistas citam o enfoque social, a influência dos grupos ou o tipo de atividade profissional. Por exemplo, observa-se o consumo de certas substâncias em atividades nas quais as pessoas encontram-se submetidas a situações de muito estresse. Vallejo comenta que há 20 anos predominava o uso da maconha e das benzodiazepinas, segundo o registro de pacientes que procuravam auxílio médico. No entanto, desde 1988, a cocaína assumiu o primeiro posto.

Nos anos 80s começou o consumo de polidrogas. ?Pode-se falar de drogas dominantes e drogas associadas?, afirma Vallejo. As dominantes entram na vida do paciente de forma insubstituível; as associadas, por sua vez, podem entrar e sair rapidamente, porque são utilizadas de forma complementar. A cocaína ocupa o primeiro lugar como droga dominante e o último lugar entre as associadas, ?o que significa que se um paciente a consome como complemento a outra droga, a dependência que provoca é tão forte que passa a ser dominante?, afirma a especialista. Para ela, as benzodiazepinas e a maconha podem ser consideradas como drogas associadas.

Muito se tem falado que a maconha é a porta de entrada para outras drogas, afirmação descartada por Banasszewski, que frisa que, por si só, a cannabis tem um efeito devastador, apresentando as mesmas conseqüências de drogas consideradas mais ?potentes?. ?Já tratei de pacientes de mais idade que consumiam maconha esporadicamente e os resultados foram assustadores?, relata, explicando que a pessoa acaba perdendo parte do seu desenvolvimento emocional e psíquico com a dependência da droga.

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