Os voluntários vão integrar o projeto
Cabral da Vida, que visa a redução
dos danos aos dependentes.

Cerca de trinta voluntários das comunidades Vila das Torres e Parolin, em Curitiba, participam desde ontem de um treinamento para lidar com doenças sexualmente transmissíveis (DSTS), aids e drogas. Eles vão integrar o projeto Cabral da Vida, que visa a redução dos danos aos usuários de drogas injetáveis (UDI) e outros tipos de drogas, com ênfase na prevenção do HIV e também da violência.

Segundo o presidente do Centro Paranaense de Cidadania (Cepac), Tôni Reis, as duas vilas foram escolhidas por apresentar maior incidência de aids devido às drogas injetáveis (15%) na capital. O projeto será coordenado pelo Clube de Mães Vila das Torres, em convênio com o Ministério da Saúde e o programa da Organização das Nações Unidas para o Controle Internacional das Drogas (UNDCP).

O conceito de redução de danos, conforme definição do Ministério da Saúde, é “uma estratégia de saúde pública, que busca controlar possíveis conseqüências adversas ao consumo de psicoativos – lícitos ou ilícitos -, sem necessariamente interromper esse uso, e propiciando inclusão social e cidadania para os usuários de drogas”. A presidente do Clube de Mães, Irenilda Arruda, espera, com a implantação do projeto, reduzir não apenas o consumo de drogas nas duas vilas, mas também os casos de aids e de violência. Segundo Irenilda, um trabalho de redução de danos na Vila das Torres, realizado no ano passado, resultou na queda de 48 para 12 no número de usuários de drogas injetáveis.

Estratégia

O projeto prevê duas equipes, uma em cada comunidade, com três pessoas para realizar atendimentos e abordagens junto aos usuários de drogas. Além da distribuição de folders, que serão elaborados durante o evento que se encerra amanhã, a ação inclui a troca de seringas no caso de usuários de drogas injetáveis e distribuição de preservativos. Os usuários de drogas que querem se tratar serão encaminhados para os serviços de saúde de referência. O projeto tem como meta ter 25 UDIs trocando seringas e buscando preservativos, além de ter cem usuários de outras drogas demonstrando uma atitude de prevenção.

Dados da Coordenação Nacional de DSTS/Aids do Ministério da Saúde mostram que 25% dos casos estão associados, direta ou indiretamente, ao uso de drogas injetáveis; 38,2% das mulheres portadoras de aids contraíram o vírus pelo uso de drogas injetáveis ou através de parceria sexual com usuários de drogas injetáveis; 36% dos casos de aids pediátrica apontam a mãe ou seu parceiro sexual como usuários de drogas injetáveis.

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